O lugar é a Romênia ocupada pelos comunistas. A data é 1953, ano da morte de Stalin. O diretor Horatio Malaele com certeza ama Fellini, Dino Risi e as comédias do cinema mudo. Casamento Silencioso emprega o contraponto, a mistura entre comédia e tragédia, que ”pega” o espectador, mesmo que este se prepare para assistir ao filme. Todo começa com uma comédia desbragada, uma comédia pastelão. Mas, sentimos que a tragédia quando chega, derruba a todos.
Os ingredientes do humor grosso estão presentes desde o início. Lembram Dino Risi, em seus filmes com Vittorio Gassman. Cineastas e jornalistas fazem um filme. No local das filmagens existiu uma pequena cidade, que foi destruída pelos comunistas. A povoação foi substituída por uma fábrica. Os capitalistas atualmente desejam construir outra cidade para turismo. Visões estranhas perturbam alguns membros do grupo. Ao longe surgem mulheres de preto com velas na mão. De repente aparece uma jovem vestida de branco.
Em flash back temos a visão de paraíso da cidadezinha. Um campo amarelo e dourado encobre o casal apaixonado. Dos dois, ouvimos o grito de prazer. Com em toda comédia o anão risonho e a criança estão sempre presentes espionando e rindo. O grito do pai traz a jovem de volta à realidade.
Os personagens são caracterizados com truculência e vulgaridade. O pai da noiva é um dos mais exagerados nos modos rudes, querendo bater na mulher e na filha, mas estas o trazem com rédeas curtas e não se intimidam. Como todo pai, no fundo o que ele quer é que a filha case. Quando o noivo aceita casar tudo vira em festa.
Fundamentalmente o filme celebra a vulgaridade das classes proletárias romenas. A autenticidade e a falta de modos e educação dos pobres. Não é tão corrosivo quanto o Ettore Scola de “Bruti, Sporchi i Cativi”, mas se aproxima.
O diretor Horatio Malaele critica o passado comunista da Romênia sob a ditadura de Nicolae Ceausescu. Malaele dá uma trégua ao espectador até a metade do filme. Em plena festa de casamento, surgem os oficiais do governo comunista - naquele aclive do terreno filmado repetidas vezes –, ameaçadores, com seus uniformes de capotes compridos. A festa pára, todos ficam em silêncio, sabemos que a brincadeira terminou.
Mesmo assim Malaele mostra a resistência do povo romeno. Os soldados avisaram, estavam proibidos os casamentos ou qualquer tipo de festa, Stalin tinha morrido na noite anterior. Inconformado o pai da noiva transfere a festa para o porão e a comemoração passa a transcorrer em silêncio, como no cinema mudo. Simbolicamente representando o silêncio dos romenos, amordaçados pela ditadura comunista.
Afinal não é todo dia que a nossa filha casa não é mesmo? Em meio a brincadeiras, a platéia se diverte com as piadas, principalmente com o festival de peidos de um dos convidados. Tudo é fixação no escatológico e no grotesco.
Repentinamente o estrondo da parede. Lembra “Ensaio de Orquestra”, de Fellini, quando uma esfera enorme derruba a parede da sala onde a orquestra ensaia. Só que Fellini é Fellini e Horatio Malaele não pode esquecer a tragédia que se abalou sobre seu país. Entendemos tudo, os tanques invadindo a festa, as mulheres de preto, a noiva...
Não deixe de assistir a Casamento Silencioso, você vai adorar e amar o novo diretor Horatio Malaele.
Os ingredientes do humor grosso estão presentes desde o início. Lembram Dino Risi, em seus filmes com Vittorio Gassman. Cineastas e jornalistas fazem um filme. No local das filmagens existiu uma pequena cidade, que foi destruída pelos comunistas. A povoação foi substituída por uma fábrica. Os capitalistas atualmente desejam construir outra cidade para turismo. Visões estranhas perturbam alguns membros do grupo. Ao longe surgem mulheres de preto com velas na mão. De repente aparece uma jovem vestida de branco.
Em flash back temos a visão de paraíso da cidadezinha. Um campo amarelo e dourado encobre o casal apaixonado. Dos dois, ouvimos o grito de prazer. Com em toda comédia o anão risonho e a criança estão sempre presentes espionando e rindo. O grito do pai traz a jovem de volta à realidade.
Os personagens são caracterizados com truculência e vulgaridade. O pai da noiva é um dos mais exagerados nos modos rudes, querendo bater na mulher e na filha, mas estas o trazem com rédeas curtas e não se intimidam. Como todo pai, no fundo o que ele quer é que a filha case. Quando o noivo aceita casar tudo vira em festa.
Fundamentalmente o filme celebra a vulgaridade das classes proletárias romenas. A autenticidade e a falta de modos e educação dos pobres. Não é tão corrosivo quanto o Ettore Scola de “Bruti, Sporchi i Cativi”, mas se aproxima.
O diretor Horatio Malaele critica o passado comunista da Romênia sob a ditadura de Nicolae Ceausescu. Malaele dá uma trégua ao espectador até a metade do filme. Em plena festa de casamento, surgem os oficiais do governo comunista - naquele aclive do terreno filmado repetidas vezes –, ameaçadores, com seus uniformes de capotes compridos. A festa pára, todos ficam em silêncio, sabemos que a brincadeira terminou.
Mesmo assim Malaele mostra a resistência do povo romeno. Os soldados avisaram, estavam proibidos os casamentos ou qualquer tipo de festa, Stalin tinha morrido na noite anterior. Inconformado o pai da noiva transfere a festa para o porão e a comemoração passa a transcorrer em silêncio, como no cinema mudo. Simbolicamente representando o silêncio dos romenos, amordaçados pela ditadura comunista.
Afinal não é todo dia que a nossa filha casa não é mesmo? Em meio a brincadeiras, a platéia se diverte com as piadas, principalmente com o festival de peidos de um dos convidados. Tudo é fixação no escatológico e no grotesco.
Repentinamente o estrondo da parede. Lembra “Ensaio de Orquestra”, de Fellini, quando uma esfera enorme derruba a parede da sala onde a orquestra ensaia. Só que Fellini é Fellini e Horatio Malaele não pode esquecer a tragédia que se abalou sobre seu país. Entendemos tudo, os tanques invadindo a festa, as mulheres de preto, a noiva...
Não deixe de assistir a Casamento Silencioso, você vai adorar e amar o novo diretor Horatio Malaele.
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