domingo, 20 de setembro de 2009

A ONDA

O alerta é para todos, os regimes autocráticos e autoritários podem surgir num estalar de dedos, com atitudes aparentemente inocentes, que podem partir de qualquer um de nós, mas cuja repercussão é impensável e assustadora.

Para explicar e exemplificar para seus alunos o que é autocracia, o professor Rainer Wegner (Jurgen Vogel) faz uma espécie de laboratório com a turma, tentando mostrar como é possível surgir um movimento autocrático, nazista ou fascista até em sala de aula.

O nazismo continua sendo o grande fantasma que assombra e aterra o imaginário dos alemães. Os jovens preocupam-se com movimentos neonazistas e desejam sacudir a culpa por algo que não fizeram. Criminosas seriam as gerações anteriores. Não percebem que as atitudes fascistas estão muito mais próximas do que possam imaginar.

Para fazer surgir o movimento fascista, o professor transforma sua turma em um grupo unido, liderado por ele próprio, com um lema, baseado no nacionalismo, na obediência, em uma concepção ética de uma vida séria, austera e religiosa, que acredita que o homem deve obedecer a uma lei superior, que tem uma Vontade objetiva, que transcende o indivíduo e o transforma em membro de uma sociedade espiritual.

Os alunos demonstraram ser obedientes desde o início, muito mais obedientes do que os alunos de salas de aula brasileiras. Mas alunos com desvios de comportamento, com problemas de agressividade e sérios problemas familiares também foram mostrados desde o início.

Alguns tinham um padrão de conduta anti-social, agressiva e desafiadora, que aflorou com a formação do grupo a que os estudantes denominaram Onda. Um dos alunos, o mais problemático estava envolvido com drogas, colocava-se em oposição a outras gangues, desejava intrometer-se na vida particular do professor, e era o único a andar armado.

A Onda mostra que isoladamente os estudantes eram frágeis, mas o grupo dissolvia as responsabilidades individuais, e o uniforme dissolvia as desigualdades e as diferenças sociais. Assim em poucos dias o monstro estava formado. A saudação com pequenas diferenças era saudação nazista, interessava a vontade do grupo acima de interesses individuais, não importando os meios utilizados.

Quando a situação se agrava e fica incontrolável não há como frear o grupo, não há como mostrar que tudo deveria ser somente uma encenação.

O professor, vítima de si mesmo, descobre dentro de si o fascista latente, o grande agente de um sistema político nacionalista e antidemocrático. Pasmo, descobre que a semente do nazismo estava dentro dele, o monstro era ele próprio, que olha aterrorizado para a câmera. Essa é a cena mais chocante do filme, a descoberta de si mesmo.

A Onda é dirigido por Dennis Ganzel.


Um comentário:

  1. Fiquei interessadíssima, encontrar dentro de si mesmo algo que repudia deve ser arrasador.

    ResponderExcluir