Inglaterra, Segunda Guerra Mundial, bombardeios, pessoas assustadas e sem esperança. Este é o contexto do filme "Amor Extremo". A história é verdadeira. John Maybury, o diretor, descreve a vida conturbada de Dylan Thomas, um dos maiores poetas ingleses do século XX, rodeado de mulheres, bares, vida noturna, aventuras e desventuras.
O filme é estrelado por Keira Knightley, que faz Vera Philips, uma jovem cantora, fascinada por Dylan desde a adolescência. Dylan e Vera se conheceram quando eram muito jovens e tiveram um caso de amor. Na vida adulta, Dylan permanece curtindo aquele amor distante e quase platônico, do passado.
No tempo do filme, em plena Londres bombardeada, Dylan está casado com Caitlin ( Sienna Miller), uma mulher estranha que, se ama o marido não tem o menor prurido em traí-lo. Quando faz aborto, o faz porque não sabe quem é o pai! Essas vidas de pessoas perdidas e desorientadas, nos anos 40, antecipam a revolução sexual dos anos 60, da pior forma. Pelo que é mostrado ao espectador havia mais licenciosidade do que liberdade. Assim, dizer que estavam à frente de seu tempo é não pensar, é dizer bobagens! Óbvio, não estavam. Honestidade e ética eram valores que nunca passaram pela cabeça do triângulo amoroso. Atenuar e colocar a responsabilidade de seus desatinos, no clima de guerra, é mais simples e menos verdadeiro.
Dylan e Vera se reencontram. Em seus versos geniais, ele recitava em voz alta, que ela era a "estrela do seu céu escuro, era a sua terra..." Se Vera proclama que é adulta e que Dylan precisa esquecer a mulher que criou em sua imaginação, causa estranheza ela seguir o casal. O trio passa a morar na mesma casa e Vera, sozinha à noite ouve os sons do amor entre o casal. Ao mesmo tempo, Caitlin e Vera tornam-se amigas, tomam banho de banheira, juntas, dormem na mesma cama, se divertem. Me olhem, ali a inocência passou ao largo!
A roteirista é mãe de Keira Knightley. Entre todos os personagens, ela é a única que parece um desenho ou uma foto de propaganda das cantoras da época. Sua juventude, sua maquiagem, a pele de porcelana, o penteado, tudo é belíssimo. O espectador não consegue perceber com clareza, mas quando Vera aparece pela primeira vez, surge a boca, os lábios pintados de vermelho. O "zoom" vai aumentando e, como que fundida na imagem da foto, surge a bela Vera Philips cantando.
Os outros personagens não têm esse brilho. Caitlin é uma bela mulher, mas parece maltratada, cabelos desgrenhados, para caracterizar a personagem. Ou fazendo jus à fama que os europeus têm de não tomar banho.
Dylan Thomas interpretado por Mathew Rhys é um homem bonito. Mas não esconde o ar de desleixo, cabelo com corte da época, olheiras profundas e muita bebida destilada. As roupas largas, à moda dos anos 40, estão gastas. Os bares são enevoados pela fumaça, todos bebem e fumam em excesso.O diretor insiste nesse décor, os ambientes são carregados de objetos e cores, em uma forma maneirista de evocar os 65 anos da Segunda Guerra. Somente a paisagem do País de Gales é bucólica e gelada, para onde o trio se muda, fugindo da guerra e das dívidas.
William, o soldadinho que se apaixona por Vera, seria o personagem puro e inocente. Transforma-se no neurótico Capitão William. Desde antes de sua partida, o triângulo amoroso transformara-se em um quadrado infeliz e mal desenhado. William é interpretado pelo jovem ator irlandês Cilliam Murphy. Cilliam apesar de ter apenas 30 anos, fez mais de 23 filmes. Lembram-se do desequilibrado que queria matar todo mundo em "Vôo Noturno"? Ele também participou de filmes como "Batman, o cavaleiro das trevas", "Cold Mountain" e "A Moça com brinco de pérolas". Habituada a ver o ar de desvario no olhar de Cillam, nas "n" reprises de "Vôo Noturno" na TV, desta vez, procurei a doçura do personagem, no olhar do soldado. Acho que Murpphy saiu-se bem como o Cap. William, que volta tresloucado da guerra. Não era para menos. Se cometeu seus desatinos, também foi julgado e perdoado por seus pares. A platéia o absolveu e torceu por ele. A senhora loura e preconceituosa, bem que mereceu o tapa, que o Capitão lhe aplicou.
O personagem de Dylan é ofuscado pelos outros, Vera, Caitlin e o próprio Capitão William, na sequência final quando descobre que foi o seu soldo que sustentou aquele bando de vagabundos, velhacos e incostantes. E pior, tudo com o aval de sua amada Vera. Quando fica evidente a traição da mulher ele não resiste e parte para o acerto de contas.
Dylan, em todo o filme comporta-se como um homem irresponsável e arrogante, um menino mimado que não cresceu e não assumia suas responsabilidades. Aceitava ser dominado pela mulher que, sabe lá que fazia para sustentá-lo. O talento do poeta não o redime de sua dívida perante a vida. Apenas, pode-se entender que pessoas com determinados talentos e fixadas em sua produção são incapazes de atitudes práticas e objetivas. Dylan, além de não possuir capacidade para sustentar-se era desonesto e arrogante. Se era auto destrutivo, também procurou destruir o homem que ameaçava seu triângulo amoroso, indispensável para ele. O diretor não perdoou o homem Dylan Thomas, embora o artista permaneça intocável. Não devemos esquecer foi um dos maiores poetas do século XX. Para concluir, um de seus poemas:
Em meu ofício ou arte taciturna
Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou por pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.
Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Ne
m para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.
O filme é estrelado por Keira Knightley, que faz Vera Philips, uma jovem cantora, fascinada por Dylan desde a adolescência. Dylan e Vera se conheceram quando eram muito jovens e tiveram um caso de amor. Na vida adulta, Dylan permanece curtindo aquele amor distante e quase platônico, do passado.
No tempo do filme, em plena Londres bombardeada, Dylan está casado com Caitlin ( Sienna Miller), uma mulher estranha que, se ama o marido não tem o menor prurido em traí-lo. Quando faz aborto, o faz porque não sabe quem é o pai! Essas vidas de pessoas perdidas e desorientadas, nos anos 40, antecipam a revolução sexual dos anos 60, da pior forma. Pelo que é mostrado ao espectador havia mais licenciosidade do que liberdade. Assim, dizer que estavam à frente de seu tempo é não pensar, é dizer bobagens! Óbvio, não estavam. Honestidade e ética eram valores que nunca passaram pela cabeça do triângulo amoroso. Atenuar e colocar a responsabilidade de seus desatinos, no clima de guerra, é mais simples e menos verdadeiro.
Dylan e Vera se reencontram. Em seus versos geniais, ele recitava em voz alta, que ela era a "estrela do seu céu escuro, era a sua terra..." Se Vera proclama que é adulta e que Dylan precisa esquecer a mulher que criou em sua imaginação, causa estranheza ela seguir o casal. O trio passa a morar na mesma casa e Vera, sozinha à noite ouve os sons do amor entre o casal. Ao mesmo tempo, Caitlin e Vera tornam-se amigas, tomam banho de banheira, juntas, dormem na mesma cama, se divertem. Me olhem, ali a inocência passou ao largo!
A roteirista é mãe de Keira Knightley. Entre todos os personagens, ela é a única que parece um desenho ou uma foto de propaganda das cantoras da época. Sua juventude, sua maquiagem, a pele de porcelana, o penteado, tudo é belíssimo. O espectador não consegue perceber com clareza, mas quando Vera aparece pela primeira vez, surge a boca, os lábios pintados de vermelho. O "zoom" vai aumentando e, como que fundida na imagem da foto, surge a bela Vera Philips cantando.
Os outros personagens não têm esse brilho. Caitlin é uma bela mulher, mas parece maltratada, cabelos desgrenhados, para caracterizar a personagem. Ou fazendo jus à fama que os europeus têm de não tomar banho.
Dylan Thomas interpretado por Mathew Rhys é um homem bonito. Mas não esconde o ar de desleixo, cabelo com corte da época, olheiras profundas e muita bebida destilada. As roupas largas, à moda dos anos 40, estão gastas. Os bares são enevoados pela fumaça, todos bebem e fumam em excesso.O diretor insiste nesse décor, os ambientes são carregados de objetos e cores, em uma forma maneirista de evocar os 65 anos da Segunda Guerra. Somente a paisagem do País de Gales é bucólica e gelada, para onde o trio se muda, fugindo da guerra e das dívidas.
William, o soldadinho que se apaixona por Vera, seria o personagem puro e inocente. Transforma-se no neurótico Capitão William. Desde antes de sua partida, o triângulo amoroso transformara-se em um quadrado infeliz e mal desenhado. William é interpretado pelo jovem ator irlandês Cilliam Murphy. Cilliam apesar de ter apenas 30 anos, fez mais de 23 filmes. Lembram-se do desequilibrado que queria matar todo mundo em "Vôo Noturno"? Ele também participou de filmes como "Batman, o cavaleiro das trevas", "Cold Mountain" e "A Moça com brinco de pérolas". Habituada a ver o ar de desvario no olhar de Cillam, nas "n" reprises de "Vôo Noturno" na TV, desta vez, procurei a doçura do personagem, no olhar do soldado. Acho que Murpphy saiu-se bem como o Cap. William, que volta tresloucado da guerra. Não era para menos. Se cometeu seus desatinos, também foi julgado e perdoado por seus pares. A platéia o absolveu e torceu por ele. A senhora loura e preconceituosa, bem que mereceu o tapa, que o Capitão lhe aplicou.
O personagem de Dylan é ofuscado pelos outros, Vera, Caitlin e o próprio Capitão William, na sequência final quando descobre que foi o seu soldo que sustentou aquele bando de vagabundos, velhacos e incostantes. E pior, tudo com o aval de sua amada Vera. Quando fica evidente a traição da mulher ele não resiste e parte para o acerto de contas.
Dylan, em todo o filme comporta-se como um homem irresponsável e arrogante, um menino mimado que não cresceu e não assumia suas responsabilidades. Aceitava ser dominado pela mulher que, sabe lá que fazia para sustentá-lo. O talento do poeta não o redime de sua dívida perante a vida. Apenas, pode-se entender que pessoas com determinados talentos e fixadas em sua produção são incapazes de atitudes práticas e objetivas. Dylan, além de não possuir capacidade para sustentar-se era desonesto e arrogante. Se era auto destrutivo, também procurou destruir o homem que ameaçava seu triângulo amoroso, indispensável para ele. O diretor não perdoou o homem Dylan Thomas, embora o artista permaneça intocável. Não devemos esquecer foi um dos maiores poetas do século XX. Para concluir, um de seus poemas:
Em meu ofício ou arte taciturna
Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou por pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.
Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Ne
m para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.
Salut, Doris!
ResponderExcluirEu vi este filme há umas duas semanas atrás. Confesso que não gostei. As atitudes do casal Dylan e Caitlin e a aparente "inocência ignorante" da Vera me chocaram. Apesar de ser um filme com boa produção (paisagens belas, figurino na primeira parte, boa caracterização), o desenvolvimento da história não me cativou...mas, nesta semana, vi "Nova York, eu te amo", e recomendo. Veja e depois comentamos sobre.
Bisous
Rafa