domingo, 10 de janeiro de 2010

Sherlock Holmes

Sherlock Holmes é um personagem tão famoso e importante que se separou de seu criador. Ficou mais conhecido que o próprio Sir Arthur Conan Doyle. O filme leva multidões ao cinema. As filas são enormes, independente de horário. E, ver no cinema a dupla Sherlock Holmes e seu amigo, o dr. John Watson, diga-se é uma oportunidade e tanto. Robert Downey Junior e Jude Low são o máximo, encarnam respectivamente Sherlock e seu companheiro Watson. Com atores tão geniais somados à história clássica do famoso detetive britânico, Guy Ritchie tinha tudo para fazer um bom filme, e conseguiu.

O décor é escuro, os tons do filme, o cenário, as paisagens são da Inglaterra do século XIX. Se a famosa ilha tinha a Revolução Industrial, ao mesmo tempo padecia com a insalubridade, falta de higiene e saneamento. Porém, quando o diretor filma os atores, as figuras se destacam contra o fundo esverdeado e insalubre, em tonalidades douradas, em planos muito próximos que mostram cada ângulo do rosto de Sherlock Holmes, Watson ou Irene, a bela Rachel McAdams.

Guy Ritchie faz pequenas alterações. Sherlock é descrito por Conan Doyle, em Um Estudo em Vermelho, como um homem alto, com 1,80 m. de altura, de nariz aquilino e dedos magros e compridos, usa um chapéu de abas redondas e o indefectível cachimbo. Aliás, o cachimbo é a primeira coisa que aparece quando ele mergulha na água e é salvo por Watson. Mas chapéu ele não usa, pega um chapéu preto de um capanga. Com certeza não tem 1,80 m. de altura, não é muito magro e nem possui dedos compridos e magros. Mas tem todo o charme de Robert Downey Junior. Talvez seja até melhor. Em todas as versões de Sherlock Holmes que vimos encenadas no cinema o grande problema eram os atores. Não estavam à altura do personagem de Conan Doyle. Eram menores do que nossa imaginação exige, uma decepção. Não toleramos Peter Cushing encarnando Holmes, pelo simples fato que o Holmes de Conan Doyle é muito melhor. Então voltamos para o livro, não precisamos ir ao cinema.


O filme tem ingredientes infalíveis, ação suspense, um pouco de Indiana Jones, dos filmes policiais e a inteligência de Holmes. Como nas histórias de Conan Doyle, todas as pistas são lançadas. O espectador até pode tentar uma interpretação, mas interpretação brilhante como a de Sherlock Holmes, jamais. No máximo pode antecipar alguns truques como o do enforcamento.

Cada diálogo entre Watson e Sherlock é uma delícia para o espectador. Guy Ritchie adota um tom de comédia. Mas só não vê quem não quer ver - no dialógo entre os dois - , o tom e a sutileza do homossexualismo. A menos que a humanidade tivesse mentalidade de menina adolescente de colégio de freiras dos anos 50. E olhe, até elas perceberiam algo diferente, só não racionalizariam.

Irene Adler é a personagem ambígua que está a serviço do professor Moriarty , o grande inimigo de Holmes. Apesar das diversas tentativas de Irene, Sherlock não cede aos seus encantos . Embora a mulher - como a chamava- o deixasse extasiado. Irene é a personagem feminina que atrai Holmes e ofusca as outras mulheres. Holmes não sente amor por Irene e não se deixa envolver por seus beijos. Não retribui ao beijo da mulher! Talvez até em razão da fidelidade ao amigo Watson. Este, por sua vez tenta uma saída socialmente aceita, na Inglaterra do século XIX através do casamento com Mary Mornstan. Esta seria uma hipótese aceitável.

Tanto roupas , como cachorros ou objetos são posses disputadas e divididas pela dupla. A propriedade de Gladstone é um exemplo de assuntos resolvidos a dois. Sherlock insiste com Watson que Gladstone é de ambos. Mas nunca hesitou em testar no animalzinho novas poções poções que poderiam conter sulfato de amônia, ácido fosfórico ou formol, indispensáveis para desvendar crimes. Conan Doyle escreveu em Um estudo em vermelho que Watson tinha um cão fila. Guy Ritchie lhe concedeu um Bulldog obeso, uma graça de cachorro!

Na descrição de Watson, Mary é uma jovem loura, pequena e delicada. Sua beleza não consiste na regularidade dos traços, nem no brilho do rosto, mas principalmente numa expressão aberta e amável, nos grandes olhos azuis sensíveis e profundos. No filme, Mary Mornstan corresponde aproximadamente à descrição de Watson. Só não é tão pequena. O encontro entre os três termina mal, mas é divertido. Sherlock não quer comparecer ao jantar. Está em crise, todo desarrumado, fedorento, sem o menor interesse na vida. Tudo isso porque está sem um caso para resolver. No jantar, coloca Mary em maus lençóis. Observa a jovem, emprega o seu método científico, lógico e dedutivo e arrasa com a moça. Por ciúmes de Watson, ou porque era mesmo um arrogante. Após observar atentamente a jovem, afirma que ela perdeu o noivo, tirou o anel e voltou à Inglaterra para conseguir outro marido. Furiosa, Mary joga vinho na cara de Shlerlock. Observem a interpretação de Downey Junior, é o máximo. O vinho escorre pelo rosto de Holmes, que permanece impassível. Depois, resolve comer, parece que voltou a fome, mastiga com gana o seu bife.

A trama gira em torno das armações de Lord Blackwood para dominar o Parlamento de Londres, amedrontar e intimidar. Blackwood, o símbolo do mal, é anunciado pelo corvo, profeta do augúrio e dos maus presságios. Quando o corvo crocita, sabemos que o mal está por perto. Lord Blackwood pertence a uma seita que invoca o mal e o mistério da esfinge. Holmes precisa desvendar o enigma da esfinge que envolve a águia, o leão, o boi e cabeça de homem. O embate final contém cenas belíssimas na Ponte de Londres, sobre o Rio Tamisa. A ponte é efetivamente do século XIX. No filme o cenário é lúgubre, com uma ponte inacabada. A montagem torna a sequência eletrizante, com correntes que rolam e batem, objetos metálicos que se lançam no abismo, parafusos que se soltam e nossos heróis que balançam sobre o abismo.

Nem precisa falar, você não pode perder o filme do ex-marido da Madonna!


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