Hanami Cerejeiras em flor é dirigido por Doris Dorrie. O filme foi indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2008, e exibido na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Doris Dorrie fala sobre a morte e, principalmente, sobre as dificuldades de comunicação entre familiares, marido e mulher, pais e filhos. Como escritora e diretora de cinema, Doris Dorrie evidencia uma grande sensibilidade feminina. Ao longo de sua carreira burila o tema do conflito e
das relações entre homens e mulheres. Em 1985, seu primeiro grande sucesso foi Homens,... Homens, que teve mais de 6 milhões de espectadores. A diretora casou com o camera-man Weindler. Em Hanami cerejeiras em flor, o personagem principal tem uma doença terminal. Muitos de seus livros e filmes revelam suas próprias experiências. Seu marido, Weindler, morreu de câncer durante as filmagens de Sou Linda?, em 1996.
das relações entre homens e mulheres. Em 1985, seu primeiro grande sucesso foi Homens,... Homens, que teve mais de 6 milhões de espectadores. A diretora casou com o camera-man Weindler. Em Hanami cerejeiras em flor, o personagem principal tem uma doença terminal. Muitos de seus livros e filmes revelam suas próprias experiências. Seu marido, Weindler, morreu de câncer durante as filmagens de Sou Linda?, em 1996.
Hanami cerejeiras em flor revela uma grande influência da cultura japonesa. Rudi e Trudi formam o casal que vive longe dos filhos, já adultos. Dois deles moram em Berlim e Karl vive no Japão. Trudi é uma mulher sensível, que abdicou de muita coisa na vida, para cuidar do marido e dos filhos. Mas deseja viajar, conhecer o Japão, o Monte Fuji e o butô, a dança das sombras.
É Trudi que recebe a notícia que seu marido tem uma doença terminal. Os médicos a aconselham a fazer algo diferente, viajar e viver aventuras com o marido. Mas Rudi não gosta de aventuras. Mesmo assim o casal viaja a Berlim para visitar os filhos. Lá, verificam que eles se transformaram em desconhecidos. O filho é casado e a filha é lésbica. Na visão dos filhos adultos sobram ressentimentos e ciúmes do irmão distante. Tanto a filha como o filho sempre se sentiram preteridos em benefício de Karl, o irmão que mora no Japão.
Os pais sentem no ar a rejeição dos filhos. É como a mosca que contamina o ambiente com o seu som. Incomoda a todos na mesa. Doris Dorrie insiste em mostrar a mosca, com suas antenas contaminando tudo onde toca. O ambiente torna-se desagradável. Até netos reclamam da presença dos avós. Impera a incomunicabilidade. Contraditoriamente, a única pessoa que compreende Trudi e sai a passear com ela é a companheira da filha. Também é ela a única a despedir-se de Rudi. Doris coloca na filha lésbica todos os aspectos negativos. É grosseira, egoísta e muito feia.
O casal parte para outra viagem. Repentinamente Trudi morre. A partir daí, Rudi vive seu luto intensamente. Um novo comportamento permitirá a reformulação de sua vida. Possibilitará colocar seus problemas nos devidos lugares e partir. Rudi tenta à sua maneira fazer o que poderia ter feito quando sua mulher era viva. Simbolicamente Trudi vive nele. É a sua maneira de relacionar-se com a morte.
Rudi viaja ao Japão onde vive o filho, um jovem sem grandes expectativas. Vive no Japão na maior solidão. Doris Dorrie destaca o casaco de lã azul em Hanami. Mas, o vestido de mesma cor, azul do mar, já permeara sua obra. É título do livro O vestido Azul, que também trata da morte a da roupa azul, em seu sentido simbólico. Dorrie atribui um significado metafísico à roupa azul, vestido ou casaco de lã. Representa uma mudança na vida de quem a usa. Da mesma forma que em O vestido Azul, Dorrie reflete sobre o amor, sobre o grande e eterno amor entre homem e mulher, e o significado da morte para os que ficam.
Rudi preocupa-se, custa a entender onde está Trudi, após sua morte. Como ela está? Passa a usar sua roupa, seu colar, sua saia e seu casaco de lã, por baixo do sobretudo . Simbolicamente Trudi vive em Rudi, daí o trocadilho no nome criado pela autora. Os dois se transformam em um, que ainda vive. E Rudi faz o que pensa que deveria ter feito, enquanto Trudi era viva. Faz com que ela conheça Tóquio, aprende a dança das sombras, o butô. Por isso o quimono de Trudi está ao seu lado, estendido na cama. Rudi leva Trudi a conhecer o Monte Fuji, um de seus grande sonhos.
Nessa tentativa de elaborar seus problemas e colocá-los nos devidos lugares, Rudi conta com a ajuda da jovem bailarina de butô. O relacionamento paternal com a menina o redime em sua incomunicabilidade e incapacidade de relacionar-se com os filhos. Partindo do princípio que relacionamente não é unilateral, Doris mostra que os filhos nunca entenderam nada, continuam pobres ( de espírito) e perdidos.
É Trudi que recebe a notícia que seu marido tem uma doença terminal. Os médicos a aconselham a fazer algo diferente, viajar e viver aventuras com o marido. Mas Rudi não gosta de aventuras. Mesmo assim o casal viaja a Berlim para visitar os filhos. Lá, verificam que eles se transformaram em desconhecidos. O filho é casado e a filha é lésbica. Na visão dos filhos adultos sobram ressentimentos e ciúmes do irmão distante. Tanto a filha como o filho sempre se sentiram preteridos em benefício de Karl, o irmão que mora no Japão.
Os pais sentem no ar a rejeição dos filhos. É como a mosca que contamina o ambiente com o seu som. Incomoda a todos na mesa. Doris Dorrie insiste em mostrar a mosca, com suas antenas contaminando tudo onde toca. O ambiente torna-se desagradável. Até netos reclamam da presença dos avós. Impera a incomunicabilidade. Contraditoriamente, a única pessoa que compreende Trudi e sai a passear com ela é a companheira da filha. Também é ela a única a despedir-se de Rudi. Doris coloca na filha lésbica todos os aspectos negativos. É grosseira, egoísta e muito feia.
O casal parte para outra viagem. Repentinamente Trudi morre. A partir daí, Rudi vive seu luto intensamente. Um novo comportamento permitirá a reformulação de sua vida. Possibilitará colocar seus problemas nos devidos lugares e partir. Rudi tenta à sua maneira fazer o que poderia ter feito quando sua mulher era viva. Simbolicamente Trudi vive nele. É a sua maneira de relacionar-se com a morte.
Rudi viaja ao Japão onde vive o filho, um jovem sem grandes expectativas. Vive no Japão na maior solidão. Doris Dorrie destaca o casaco de lã azul em Hanami. Mas, o vestido de mesma cor, azul do mar, já permeara sua obra. É título do livro O vestido Azul, que também trata da morte a da roupa azul, em seu sentido simbólico. Dorrie atribui um significado metafísico à roupa azul, vestido ou casaco de lã. Representa uma mudança na vida de quem a usa. Da mesma forma que em O vestido Azul, Dorrie reflete sobre o amor, sobre o grande e eterno amor entre homem e mulher, e o significado da morte para os que ficam.
Rudi preocupa-se, custa a entender onde está Trudi, após sua morte. Como ela está? Passa a usar sua roupa, seu colar, sua saia e seu casaco de lã, por baixo do sobretudo . Simbolicamente Trudi vive em Rudi, daí o trocadilho no nome criado pela autora. Os dois se transformam em um, que ainda vive. E Rudi faz o que pensa que deveria ter feito, enquanto Trudi era viva. Faz com que ela conheça Tóquio, aprende a dança das sombras, o butô. Por isso o quimono de Trudi está ao seu lado, estendido na cama. Rudi leva Trudi a conhecer o Monte Fuji, um de seus grande sonhos.
Nessa tentativa de elaborar seus problemas e colocá-los nos devidos lugares, Rudi conta com a ajuda da jovem bailarina de butô. O relacionamento paternal com a menina o redime em sua incomunicabilidade e incapacidade de relacionar-se com os filhos. Partindo do princípio que relacionamente não é unilateral, Doris mostra que os filhos nunca entenderam nada, continuam pobres ( de espírito) e perdidos.
Dóris!
ResponderExcluirSou tua colega de français (et j'aime le cinéma aussi!).
Fui ver Hanami essa semana que passou e gostei muito do filme. Achei a evolução dos planos um pouco lenta, mas a fotografia, especialmente nos últimos momentos, era belíssima.
Minha parte favorita foi a celebração das cerejeiras no parque... e o convite ao entendimento da efemeridade da vida. Me fez perceber que, cultura oriental (pelo que vi nesse filme e também no divino "A Partida"), a aceitação e compreensão da morte e também dos caminhos da vida se dá de uma maneira mais serena, e que, a nós, só cabe aceitar e seguir em frente.
Continuarei "te visitando".
Je t'embrasse,
Rafaela
Rafaela, só hoje vi teu comentário. Um grande abraço. Continue me visitando. Doris Maria
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