"The Raven" não segue a tradição das desgraças arrepiantes que aconteceram durante as filmagens de "O Corvo", quando o ator Lee Jun-Fan, filho de Bruce Lee, sofreu um acidente mortal. Enfim, a maldição também parece ter acompanhado os atores de “Poltergeist, o fenômeno”, de Steven Spielberg. Heather O´Rourke, a Carol Ane da saga, morreu aos 12 anos, de uma obstrução intestinal. Dominique Dunne, a Dana , sua irmã mais velha, morreu estrangulada pelo companheiro. Julian Beck, o reverendo Kane, morreu em 1985, de um câncer, após terminar as rodagens. Wil Sampson, o bruxo Taylor, da segunda parte, que dizia ser "chamã" na vida real, morreu em 1987 após um transplante de coração e pulmão.
Quando a realidade imita a ficção a história fica realmente apavorante, não é mesmo? "O Corvo" de James Mc Teique pareceu-me todo ficção. O diretor deixa em suspenso se de fato teriam acontecido acidentes trágicos nos últimos dias de vida de Edgar Alan Poe. A história parece estar no limite entre a realidade e a ficção. Tudo poderia ter acontecido...
Poe é o personagem principal. John Cusack vive o escritor de contos de terror, com problemas pessoais, virtudes e fraquezas. Como muitos artistas, provavelmente ficou famoso após a morte. Em vida teve dificuldades para publicar seus contos. Tinha uma queda pela bebida e foi hostilizado pelo pai de Emily Hamilton (Alice Eve), a mulher a quem amava.
O filme é empolgante, literalmente gruda o espectador na tela. Hitchcock, o mestre do suspense sabia muito bem que o público adora sentir medo.
Poe é o primeiro suspeito dos assassinatos em série que assustam a população. É chamado pelo inspetor Fields (Luke Evans) para ser interrogado. Sente algo de familiar nos crimes. Com espanto reconhece seus próprios personagens que saíram da ficção, criaram vida e se corporificaram nos mais horrendos crimes.
Melhor que John Cusack, só Luke Evans, o inspetor Fields, um homem charmoso, corajoso e decidido a caçar o inimigo.
A mente criminosa ama e odeia seu mentor. Conhece em detalhes cada personagem doentio de Poe. Os crimes se sucedem. Desafiam Fields a desvendá-los. O escritor é o único a conhecer seus personagens, como Próspero ou Fortunato. O terror toma conta da tela, mais ainda quando a morte cavalga, à galope, em direção ao espectador. Encenadas e corporificadas como num teatro, as mortes são o espetáculo macabro.
O assassino ri, diverte-se. Cria charadas, brinca com seus perseguidores. A questão é de afirmação, de sentir-se superior ao gênio. O criador, sentindo-se impotente, precisa desvendar cada enigma, como por exemplo, descobrir que determinados números significam a latitude. Depois deve desvendar a longitude, para enfim descobrir no mapa, o ponto a que o assassino se refere, St Croix, uma pequena capela. Em "O homem que sabia demais", Hitchcock também coloca uma pequena capela onde se desenrola o crime.
O frenesi entre Fields, Poe e o assassino envolvem o espectador. Criam um suspense gelado e assustador. O criminoso pretende ser a obra prima , a criação máxima de Poe, idéia terrível e sinistra. Quando a ficção, dentro da ficção se torna a realidade dominada pelo mal, assusta e apavora o próprio Poe. Ao eleger o escritor como herói e criador, o assassino deseja superar o mestre. Deseja também seu próprio reconhecimento. Arrisca-se tentando provar que agora ele decide o destino dos personagens, não mais o criador. A mais abjeta das criaturas rebela-se contra o criador, no âmbito de uma idéia maléfica que ainda assim, é o reverso da idéia contida na expressão "a criatura se rebela contra o criador". Por isso, a mais recente versão de "O Corvo" de Edgar Alan Poe é genial. Não perca e leve muitos sustos!
domingo, 27 de maio de 2012
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