domingo, 13 de maio de 2012

Conspiração Americana

Robert Redford dirige "Conspiração Americana". Nos anos 70, ele foi um dos mais famosos atores de Hollywwod. Protagonizou heróis inesquecíveis como Jeremiah Johnson em "Mais forte que a vingança", ou ainda  Johnny Hokker, na dupla com Paul Newman em ''Golpe de Mestre". Como diretor Redford realiza filmes sérios, que muitas vezes passam em circuitos alternativos, como Sundance Festival.

O tema é a conspiração americana por trás do assassinato de Abraham Lincoln. James McAvoy interpreta o jovem advogado Frederick Aiken, de 28 anos, que contra sua vontade defende Mary Surratt (Robin Wright) das acusações de conspiração e cumplicidade com os assassinos do presidente. A figura de McAvoy realmente é a de um jovem lúcido e inteligente, desta vez, herói da Guerra da Secessão.

Nas conturbadas semanas que sucedem ao assassinato de Abraham Lincoln resolve agir de acordo sua consciência, lutar em prol da lei e da Constituição. Nessa luta, MacAvoy frustra as expectativas de seu grupo social. Sua fidelidade à idéia de América é colocada sob suspeita. É visto como traidor dos melhores sentimentos americanos. Tudo inversão de valores e manipulação de poderosos. O  tipo de denúncia que Reford quer  mostrar ao mundo.

Mary Surratt é acusada de permitir reuniões de conspiradores e acobertar assassinos em sua pensão. De fato está sendo usada como isca na busca do verdadeiro culpado. Para os governantes interessa menos descobrir o verdadeiro assassino  do que punir quem quer que seja. Na falta do verdadeiro culpado, o  Ministro da Guerra precisa de um bode expiatório para acalmar  ânimos e dar uma resposta à nação. As manobras e os bastidores do poder são denunciados com contundência.

Para os donos do poder importa que a nação americana clama por justiça, como uma espécie de vingança, com cara de justiça que enxerga muito bem dos dois olhos. Alguém precisa pagar pelo crime hediondo. Esse alguém é Mary Sarrett.

James McAvoy é um excelente ator, causa profunda emoção no espectador. Tanto mais forte, quanto mais patético é seu papel como ator. Você lembra de McAvoy, em "O Procurado", quando contracena com Angelina Jolie ou "Desejo e Reparação" com Keira Knightley?

Agora ele se transforma em Frederick,  um verdadeiro advogado. A expressão corporal e o rosto são de um verdadeiro advogado. Você alguma vez observou os advogados? em plena ação? É uma experiência muito interessante. Aliás o mérito é do próprio ator que fascina o espectador.

Em tempos de guerra a justiça precisa esperar. Frederick arrisca-se a buscar a verdade. Sacrifica sua carreira e sua vida particular em nome de princípios baseados na verdade e na justiça. Frederick postula que réus como Mary Surratt devem ter direito a um julgamento neutro e civil. Nega-se a aceitar  cortes militares, com julgamentos sumários e previamente decididos.

Seus esforços parecem ter sido inúteis. Mary é condenada e executada. O verdadeiro culpado estava muito mais perto do que poderíamos imaginar. De fato os esforços não foram inúteis, conseguiram mudar o futuro. A partir de então,  em casos semelhantes, os réus  passaram a ter direito a um julgamento neutro e justo, compatível com o que a nação americana espera de si mesma.

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