Robert Redford dirige "Conspiração Americana". Nos anos 70, ele foi um dos mais famosos atores de Hollywwod. Protagonizou heróis inesquecíveis como Jeremiah Johnson em "Mais forte que a vingança", ou ainda Johnny Hokker, na dupla com Paul Newman em ''Golpe de Mestre". Como diretor Redford realiza filmes sérios, que muitas vezes passam em circuitos alternativos, como Sundance Festival.
O tema é a conspiração americana por trás do assassinato de Abraham Lincoln. James McAvoy interpreta o jovem advogado Frederick Aiken, de 28 anos, que contra sua vontade defende Mary Surratt (Robin Wright) das acusações de conspiração e cumplicidade com os assassinos do presidente. A figura de McAvoy realmente é a de um jovem lúcido e inteligente, desta vez, herói da Guerra da Secessão.
Nas conturbadas semanas que sucedem ao assassinato de Abraham Lincoln resolve agir de acordo sua consciência, lutar em prol da lei e da Constituição. Nessa luta, MacAvoy frustra as expectativas de seu grupo social. Sua fidelidade à idéia de América é colocada sob suspeita. É visto como traidor dos melhores sentimentos americanos. Tudo inversão de valores e manipulação de poderosos. O tipo de denúncia que Reford quer mostrar ao mundo.
Mary Surratt é acusada de permitir reuniões de conspiradores e acobertar assassinos em sua pensão. De fato está sendo usada como isca na busca do verdadeiro culpado. Para os governantes interessa menos descobrir o verdadeiro assassino do que punir quem quer que seja. Na falta do verdadeiro culpado, o Ministro da Guerra precisa de um bode expiatório para acalmar ânimos e dar uma resposta à nação. As manobras e os bastidores do poder são denunciados com contundência.
Para os donos do poder importa que a nação americana clama por justiça, como uma espécie de vingança, com cara de justiça que enxerga muito bem dos dois olhos. Alguém precisa pagar pelo crime hediondo. Esse alguém é Mary Sarrett.
James McAvoy é um excelente ator, causa profunda emoção no espectador. Tanto mais forte, quanto mais patético é seu papel como ator. Você lembra de McAvoy, em "O Procurado", quando contracena com Angelina Jolie ou "Desejo e Reparação" com Keira Knightley?
Agora ele se transforma em Frederick, um verdadeiro advogado. A expressão corporal e o rosto são de um verdadeiro advogado. Você alguma vez observou os advogados? em plena ação? É uma experiência muito interessante. Aliás o mérito é do próprio ator que fascina o espectador.
Em tempos de guerra a justiça precisa esperar. Frederick arrisca-se a buscar a verdade. Sacrifica sua carreira e sua vida particular em nome de princípios baseados na verdade e na justiça. Frederick postula que réus como Mary Surratt devem ter direito a um julgamento neutro e civil. Nega-se a aceitar cortes militares, com julgamentos sumários e previamente decididos.
Seus esforços parecem ter sido inúteis. Mary é condenada e executada. O verdadeiro culpado estava muito mais perto do que poderíamos imaginar. De fato os esforços não foram inúteis, conseguiram mudar o futuro. A partir de então, em casos semelhantes, os réus passaram a ter direito a um julgamento neutro e justo, compatível com o que a nação americana espera de si mesma.
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