"A vida dos peixes", a produção chileno/francesa dirigida por Matias Bize, tem a pretensão de ser um filme intimista. A história fala da vida de Andrès (Santiago Cabrera) um homem que volta para casa, antes de instalar-se em definitivo em Berlin. Andrès deixara assuntos não resolvidos em sua cidade natal, no Chile, depois de ter passado um tempo em Berlin. Cheio de dúvidas e incertezas, imagina um passado idealizado e irrealizado com a mulher amada, de quem se afastou. No tempo presente, Beatriz (Blanca Lewin) aparentemente resolveu sua vida. Tem duas filhas gêmeas. Os tempos são outros, Beatriz é casada com outro homem a quem não sabe se ama, mas que lhe dá segurança.
Assim, durante quase todo o filme vemos os rostos dos dois atores em close-up. Tão close que a parte superior da cabeça é cortada. Inclusive as imagens se alternam, com o rosto de Cabrera do lado esquerdo ou direto da tela, ou o perfil da mulher. A idéia é mostrar alternadamente a emoção de cada um, homem e mulher. Os atores são bonitos, ela tem um perfil irregular e interessante, testa e nariz grandes, lábios bem desenhados. Porém todo esse intimismo cansa o espectador. Beatriz somente tem palavras para falar do passado, do que poderia ter sido em não foi. Ora esse tipo de pesamento nunca levou ninguém a nada. De véspera sabemos que o relacionamento entre os dois não vai dar certo. Assim, tudo o que é dito entre o casal de enamorados é desmentido por seus gestos. Andrès e Beatriz acertam um futuro promissor, que de fato não desejam, ou não têm coragem para assumir. Sabem que suas vidas tomaram outros rumos.
Na casa do passado estão presos como os peixes, sem futuro. Matias Bize mostra a silhoueta de duas sombras descendo as escadas. Os apaixonados descem, não sobem escadas simbolizando um futuro promissor. Descem de mãos dadas e enroladas. Mãos que se desatam e sem palavras, se afastam. Ele se afasta em direção à porta. Em um último olhar vê Beatriz que mostra para as amigas as fotos de suas verdadeiras jóias, as gêmeas... De fato, ela sabia que de nada adiantava trocar pouco por quase nada...
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