domingo, 31 de março de 2013

O Amante da Rainha (The Royal Affair) (En Kongelig Afaere) é o filme da semana. Romance épico, envolve o espectador. Nikolaj Arcels conta essa história fascinante de um triângulo amoroso entre o rei - fraco e incapaz-, seu médico Johann Struensee ( Madds Mikkelsen) e a rainha Caroline Mathilda (Alicia Vikander). Tudo é perfeito no filme desde figurinos, personagens e atores impecáveis. 
Enfim, Johann Struensee pregava valores iluministas contra o absolutismo da monarquia na Dinamarca e Noruega, no século XVIII. Observe o décor barroco! Com certeza tudo isso deve ter algo a ver com o ditado "tem algo de podre no reino da Dinamarca".
Ficam as questões para reflexão, pois não tenho as respostas. Se de um lado as idéias iluministas de Johann lançaram a semente para tornar a Dinamarca e a Noruega países avançados e desenvolvidos, por outro lado foi covardia trair o rei, por mais louco que fosse?
Na guerra  contra a opressão de fato a luta é sangrenta! Porém, não precisava apaixonar-se pela mulher do rei. Mas, e quem manda no amor e na paixão não é mesmo? 
Enfim se você tem alguma dúvida sobre o que é  transgressão, ela está aí e sem retorno. Se Johann fez o que fez por razões de ordem política e humanitária, não deixou de trair seus princípios como médico. Tanto que, quando imprimiram fofocas contra os amantes, titubeou, sem saber o que fazer.  
O personagem do rei é patético! Tudo o que é patético nos emociona e nos deixa com uma dor muito forte na garganta, quando o filme termina. Essa é a hora de saber se você realmente amou o filme!
Se Christian era completamente incorreto com sua rainha, sua paixão pelo teatro fez com tentasse ser um rei magnânimo e avançado para o seu tempo.
Você consegue imaginar algo mais emocionante e maravilhoso do que a vacina contra a varíola que o rei incentivou e aplicou em seu país?  Consegue imaginar melhor guerra do que a guerra contra a bosta? O bem que isso fez para a humanidade apaga todos os pecados do rei e de seu médico, o mentor de todas as transformações. É por isso tudo que amo o historiador Alain Corbin, que fala sobre "A Difícil Batalha do Excremento".
Caroline Mathilde, a rainha é a personagem menos contraditória. Como mulher foi relegada, à ela não restou outra opção senão trair o rei. Se teve um destino trágico, também viveu um amor intenso e verdadeiro. 
Quanto aos personagens traidores, deles apenas se esperava a mesquinharia e defesa do poder, como historicamente sempre aconteceu nos regimes totalitários. Você reconheceu a atriz que faz a rainha? É Trine Dyrholm,  a adorável Ida de "Amor é tudo o que você precisa" (Veja neste blog) .
Mas gente, que tragédia o rei ser tão bobo, e não perceber que aquele era de fato o dia da execução e que ele perderia a oportunidade de conceder o perdão de última hora! Meu Deus! Será que para Joahnn adiantaria viver depois daquilo tudo?  
 
Não perca este filme genial!
 
 
 
 
 

domingo, 24 de março de 2013

Depois de Lúcia

Você alguma vez refletiu sobre a violência? Continua achando que filmes de ação com Schwarzenegger, Van Damme ou Sylvester Stallone,  ou ainda policiais americanos são filmes violentos que não merecem ser vistos? Ou você continua achando que Bastardos Inglórios ou Django de Quentin Tarantino são muito violentos? Você não viu nada. Existe outro tipo de violência que nos deixa no limite. Há alguns dias eu pensava que essa violência era muito bem representada por Amour. Hoje assisti ao filme Depois de Lúcia e me apavorei, quase me levantei da poltrona, tal a violência.
O diretor conta a história de pai e filha. Após a morte da mãe, em violento acidente de carro, eles tentam recomeçar a vida na Cidade do México. Na nova experiência, os dias  passam mortos e cinzentos. O pai, tomado pela tristeza, cada vez mais se isola da filha.  Quando não está trabalhando, dorme para não enfrentar o dia a dia. A relação entre os dois é pacífica, de pouca conversa, como acontece com pais tímidos. As filhas não sabem porque não conseguem conversar com o pai. Ambos se amam, são amigos, mas a relação não decola. De fato, a menina de 15 anos, Alejandra,  está sozinha, enfrentando um mundo novo, onde não consegue o apoio do pai.
As coisas se deterioram na nova escola, quando vaza um vídeo de Alejandra fazendo sexo com um colega de aula. Se de início parece uma menina forte que não permite abusos, logo em seguida não reage, aceita humilhações impostas pelos colegas. Porque as vítimas de bullying não reagem? Não gritam bem forte? Não pedem ajuda?
Alejandra sofre abusos, violência física, humilhações inimagináveis. Permanece calada e  desaparece.
Todos são criminosos. Colegas de aula, meninos e meninas, ninguém escapa. Nem professores, os mais ausentes e criminosos. Nem o pai, mergulhado em sua infelicidade consegue perceber o que se passa.
Você espectador é capaz de sentir saudades daquele tempo não vivido, daquelas priscas eras, quando sua tia contava que professores davam castigo para  alunos fazendo-os se ajoelharem sobre grãos de milho, ou que professores batiam de palmatória em seus  alunos! A pedagogia, Paulo Freire e tantos educadores clamaram! E hoje em dia quem faz alguma coisa?
Quando você fica sabendo da tragédia que vitimou 241 em Santa Maria - na mesma hora em que seus alunos festejavam a formatura - , você conclui que as razões que permitiram  essas tragédias são as mesmas: descaso pela vida de quem somos responsáveis. Quando você assiste na TV a um professor, ajoelhado, apanhando de um aluno, se pergunta: Que mundo é este em que estou vivendo?  
Finalmente o espectador sente o tempo estendido, assiste àquela cena interminável, de câmera parada, o pai rema sem parar, no bote, nuvens pressagas e mar violento, após ter feito a única coisa que achava que era possível fazer: justiça com as próprias mãos, a pior das escolhas.
Ao espectador não é dada a menor possibilidade de catarse, como quando Dustin Hoffman bota pra quebrar e devolve a violência para todos os que o humilharam em Sob O Domínio do Medo, de Sam Peckimpack.
Depois de Lúcia é um filme para muita reflexão.
 


sábado, 23 de março de 2013

Anna Karenina

Anna Karenina de Léon Tolstoi foi levada ao cinema inúmeras vezes. Muito provavelmente a melhor das Annas tenha sido Greta Garbo. Keira Knightley atua mais uma vez sob a direção do britânico Joe Wright.  A atriz é uma mulher bonita, mas em suas diversas interpretações de personagens trágicas parece excessivamente histérica. Talvez essa característica corresponda - no imáginário - à forma como a mulher do século XIX é percebida. Nos anos do Romantismo e da Psicanálise era lugar comum a característica ''histérica" atribuída à mulher. O sorriso tenso da atriz sempre provoca mal estar, e se repete em todos os seus filmes.
Assistir a um clássico da literatura russa do século XIX causa perplexidade. Anna Karenina foi efetivamente uma personagem transgressora e auto destrutiva. Enfim, não percebeu que seu sonho de amor só poderia terminar em nada...
Cento e trinta e nove anos depois, a percepção dos personagens pode ser diferente, os valores mudaram.  Se Tolstoi criou um amante irresistível que esmaga o marido, o que vimos na tela não convence. O Conde Vronski, amante louro e inexpressivo - era bonito - mas não chega aos pés do David de Michelangelo.
Me pergunto o que Tolstoi teria pensado de Jude Law , como o marido traído.  Hoje em dia, não sei se as mulheres trocariam Jude Law pelo insípido loirinho, dândi e conquistador. Jude Law está brilhante como Alexei Karenin.
Óbvio a história é clássica, se pensarmos que além da paixão precisamos considerar os valores morais e éticos, não se justifica Anna abandonar os filhos por uma vida de paixão e sensações efêmeras. Depois, ainda pretender recuperar sua condição de aristocrata e o amor do filho, pois a pequena ao que parece não conseguiu preencher o vazio de sua vida.
O clichê da mulher adúltera se repete na literatura e no cinema. Na primeira temos a Emma Bovary, de Flaubert, que também foi levada ao cinema por Jean Renoir (1933), Vincent Minelli (1949) e Claude Chabrol (1991) .
Capitu, a personagem de Machado de Assis, também se apaixona por outro homem. Como afirma Paulo Nogueira (diariodocentrodomundo.com.br), Capitu foge aos clichês graças à genialidade de Machado de Assis. Aqui o amante  Escobar não é pior que o marido Bentinho. Acho que é mais ou menos isso que acontece na versão de Joe Wright. O diretor não consegue fazer  com que Vronski seja mais irresistível que a figura de Jude Law.
Como heroína representativa do feminismo, Anna Karenina não teria sucesso nem nos anos 60, quando as mulheres queimavam soutiens em praça pública. Hoje quando as mulheres conquistaram a liberdade, a personagem só pode ser considerada anacrônica, equivocada e causar dó!
 

domingo, 17 de março de 2013

Linha de Ação

Linha de Ação tem sido criticado por ser mais um policial sem grandes ambições. Pelo menos conta com um elenco impecável: A belíssima Catherine Zeta-Jones, Mark Wahlberg, Russel Crowe e Jeffrey Wright. Durante a sessão, um dos personagens comenta que a felicidade para eles estava cada dia mais distante, como afirmava Fitzgerald : " O paraíso orgástico está a cada ano mais e mais distante de nós". Na verdade, os personagens estão envolvidos de tal forma em uma rede de corrupção que esse paraíso só poderia estar a cada dia, mais e mais distante, das duas pontas dessa história de política e corrupção. Cada personagem tenta apoderar-se do outro, por conhecer, cada um, os atos obscuros do outro.
Nicholas Hostetler (Russel Crowe)  e Jack Valliant (Barry Pepper)  são concorrentes na eleição para prefeito de Nova York.  Mark Wahlberg - Billy Taggart - é o ex-policial acusado de matar criminosos e não ter agido em legítima defesa. Absolvido por falta de provas, sobrevive como detetive e espiona Cathleen Hostetler (Catherine Zeta-Jones), a mulher do prefeito. Quase tardiamente descobre que para viver é importante um mínimo de dignidade e honestidade. Descobre também que no mar de lama em que vivia Hostetler, ao entregar para o prefeito, as fotos do suposto amante de sua mulher, de fato, estava condenando à morte o seu inimigo, o homem que poderia impedir a sua reeleição.
As pessoas cometem seus erros e continuam mentindo. Matam e dizem que não mataram. Muitos assassinos mantém esse comportamento até o final. O medo paralisa e torna as pessoas vítimas de chantagem. Billy poderia continuar mantendo esse padrão de comportamento. Porém, a humanização do personagem permite a  ele descobrir o momento de dar um basta no crime e na corrupção. Uma única e importantíssima mudança de comportamento que provoca o efeito bombásico que você poderá assistir em Linha de Ação.





terça-feira, 12 de março de 2013

O Quarteto

"O Quarteto" conta uma história de músicos aposentados reunidos na Beecham House. O filme causa surpresa no espectador, a palavra empregada por Niemeyer para definir a boa arquitetura. Os desavisados se surpreendem no final, quando descobrem que a história é verdadeira. Nos créditos as fotos que aparecem não são dos personagens, mas dos verdadeiros músicos. Dustin Hoffman se dá ao luxo de mostrar o que estas criaturas geniais faziam. Mostra fotos com as datas e locais onde eles se apresentaram.
A Beecham House não era um asilo de idosos para comuns mortais, mas uma casa de repouso para ricos e famosos. Lembra uma espécie de Casa para Idosos que existe hoje em dia - não sei em que lugar - onde os idosos vivem como em uma pequena cidade. Os cuidadores, médicos , enfermeiros assistentes sociais estão entre eles, camuflados como caixas de supermercados, gerentes de lojas, garçons ou proprietários de cafeterias. O objetivo é cuidar melhor das pessoas na fase final de suas vidas, com um mínimo de liberdade e felicidade.
Hoje em dia, na  Portinho, existem pessoas que sonham com esse mundo da fantasia. Senhoras na faixa dos sessenta se preparam para usufruir dessas mordomias. Para elas só falta a bengala para se identificarem com Jean (Maggie Smith), até o cabelo é louro - pintado! Comportam-se enviando mensagens para que você pense o que elas gostariam que você pensasse delas. Ambicionam que você pense que são intelectuais... Ora, ou você é ou não é intelectual! Não existe a menor possibilidade de tentar ou parecer ser... Na  base do grito, se apoderam da palavra sem sentido. Ninguém consegue falar, só elas! Você lembrou alguém? Tentam explicar o capitalismo como se Marx não tivesse feito direito a lição de casa. He! He! He!
É assim, no filme e nos sonhos de algumas senhoras gaúchas, o mundo da fantasia pressupõe uma vida comunitária, como exigiam os utopistas do século XIX. Vivem como se todos fossem uma grande família. Aqui elas não praticam atividade física como se isso torna-se as pessoas burras. E tudo  desanda...
Em "O Quarteto", os idosos fazem apresentações anuais para arrecadar fundos para manter a casa de repouso. Jean é convidada para reunir novamente "O Quarteto" e reapresentar Rigoletto de Verdi. Revolta-se, contra seus antigos parceiros musicais - Cissy (Pauline Collins), Reggie (Tom Courtenay) e Wilfred (Billy Connoly). Sente-se humilhada, como se não lhe restasse mais nada na vida, senão lembranças do passado. Aliás é exatamente isso que mata, viver das lembranças do passado.
Felizmente para Maggie seus parceiros são seus verdadeiros amigos e Reggie continua  apaixonado por ela. Bastou saber que uma rival se apresentaria cantando como um passarinho e aquele saudável espírito de competividade voltou. Eis que o futuro chegou para Maggie e ela soube aproveitar! Belo o filme de Dustin Hoffman!   
 
 

domingo, 10 de março de 2013

Amor é tudo que você precisa

Não faz muito tempo, as histórias de família e casamento incluíam no máximpo a cena em que o noivo ou a noiva respondia "não" ao padre na hora da cerimônia. Ou, quando um dos noivos fugia, deixando o outro em pé na igreja, pagando mico. Ou ainda a noiva fugia em seu vestido branco e esvoaçante na garupa de uma moto. Tempos passados. Hoje em dia o cinema mudou, a vida mudou e "Amor é tudo que você precisa" trata do tema com  precisão cirúrgica.
Susanne Bier, a diretora, nasceu em Copenhagem, e está radicada nos Estados Unidos. Seus filmes ganharam prêmios, como "Em um mundo Melhor", "Depois do Casamento", "As coisas que perdemos pelo Caminho" e "Brothers".
"Amor é tudo que você precisa" é uma graça de filme. As razões do sucesso são menos por Pierce Brosnam que está passável, e mais pelas presenças de Trine Dyrholm e Molly Blixt,  que  fazem mãe e filha.
Trine é Ida uma cabelereira graciosa, às voltas com a ameça de um câncer de mama. Susanne Bier é sensível, sabe do medo que as mulheres sentem ao abrir os resultados dos exames médicos. Susane deve saber daquele medo pavoroso que as mulheres sentem, em frente ao médico. Entram em pânico, o coração bate forte no braço apertado pelo aparelho de pressão. Nessa hora sabem que a pressão foi às alturas! Ida sente essa angústia e não consegue abrir o envelope com os resultados dos exames.
Molly Blixt faz Astrid a filha que prepara a cerimônia de casamento em lugar paradisíaco, na Itália. Astrid é linda como uma das "Três Graças" de Boticelli, aliás é ainda mais bonita. Tanto para mãe como, para filha o problema é encontrar a pessoa certa.
Em encontros e desencontros o filme se desenrola nos preparativos para o casamento. Nessa hora afloram os medos,  paixões, traições e abandonos. Mas também se renovam esperanças de novas vidas.
Para Ida é um renascimento, depois da traição e da doença. O cabelo curtinho, nascendo, simboliza a nova vida da cabeleireira, a coragem de buscar um novo amor. Patrick (Pierce Brosnam) é a promessa dessa nova vida, também ele precisando libertar-se do passado.
Doloroso é o que Molly, a filha,  precisa ver. E ela vê o que precisa ser visto. Tudo está claro como água cristalina. Quantos  não conseguem ver e enxergar o que está a sua frente? Ajuda o noivo a se reconhecer. A própria aceitação é dolorosa e exige tempo. Corajosa, ajuda-o a se libertar da farsa e do preconceito contra si próprio e contra o homossexualismo. Todos  os  temas desde a insegurança, o medo, a traição, a covardia, o homossexualismo são tratados de forma delicada e romântica nesta adorável comédia.
Finalmente Ida tem o companheiro ideal para ficar de plantão a seu lado na hora de abrir o envolepe do exame médico. Isso é  tudo do que as mulheres precisam não é verdade?

Amor é tudo que você precisa

Não faz muito tempo, as histórias de família e casamento incluíam no máximpo a cena em que o noivo ou a noiva respondia "não" ao padre na hora da cerimônia. Ou, a cena em que um dos noivos fugia, deixando o outro em pé na igreja, pagando mico. Ou ainda a noiva fugia com seu vestido branco e esvoaçante na garupa de uma moto. Tempos passados. Hoje em dia o cinema mudou, a vida mudou e "Amor é tudo que você precisa" trata do tema com  precisão cirúrgica.
Susanne Bier, a diretora, nasceu em Copenhagem, e está radicada nos Estados Unidos. Seus filmes ganharam prêmios, como "Em um mundo Melhor", "Depois do Casamento", "As coisas que perdemos pelo Caminho" e "Brothers".
"Amor é tudo que você precisa" é uma graça de filme. As razões do sucesso são menos por Pierce Brosnam que está passável, e mais pelas presenças de Trine Dyrholm e Molly Blixt,  que  fazem mãe e filha.
Trine é Ida uma cabelereira graciosa, às voltas com a ameça de um câncer de mama. Susanne Bier é sensível, sabe do medo que as mulheres sentem ao abrir os resultados dos exames médicos. Susane deve saber daquele medo pavoroso que as mulheres sentem, em frente à médica. Entram em pânico, o coração bate forte no braço apertado pelo aparelho de pressão. Nessa hora sabem que a pressão foi às alturas! Ida sente essa angústia e não consegue abrir o envelope com os resultados dos exames.
Molly Blixt faz Astrid a filha que prepara a cerimônia de casamento em lugar paradisíaco, na Itália. Astrid é linda como uma das "Três Graças" de Boticelli, aliás é ainda mais bonita. Tanto para mãe como, para filha o problema é encontrar a pessoa certa.
Em encontros e desencontros o filme se desenrola nos preparativos para o casamento. Nessa hora afloram os medos, as paixões, as traições e os abandonos. Mas também se renovam as esperanças de novas vidas.
Para Ida é como um renascimento, depois de tanta traição e doença. O cabelo curtinho, nascendo, simboliza a nova vida da cabeleireira, a coragem de buscar um novo amor. Patrick (Pierce Brosnam) é a promessa dessa nova vida, também ele precisando libertar-se do passado.
Doloroso é o que Molly, a filha,  precisa ver. E ela vê o que precisa ser visto. Tudo está claro como água cristalina. Quantos  não conseguem ver e enxergar o que está a sua frente? Ajuda o noivo a ver a si próprio. A própria aceitação é dolorosa e exige tempo. Corajosa, ajuda-o a se libertar da farsa e do preconceito contra si mesmo. Contra o homossexualismo. A própria aceitação é dolorosa e exige tempo. Todos os temas desde a insegurança, o medo, a traição, a covardia, o homossexualismo são tratados de forma delicada e romântica nesta adorável comédia.
Finalmente Ida tem o companheiro ideal para ficar de plantão a seu lado na hora de abrir o envolepe do exame médico. Isso é  tudo do que as mulheres precisam não é verdade?
 
 
 
 
 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Hitchcock

Hitchcock parece um personagem de crônicas. É percebido à distância. O filme não consegue passar a genialidade do grande diretor. Antes de você entrar no cinema, sabe que ama Hitckcock. Alma, você termina amando na primeira cena. Helen Mirren é magnífica! A personagem que vemos na tela é a verdeira Alma de Hitchcock.
Agora, Hitchcock só parece Hitchcock nas cenas de perfil. Faltaram o rosto gordo e os lábios grossos. Não adiantou escurecer os lábios de Anthony Hopkins. É claro que Hopkins é um bom ator, mas falta muito para se transformar em Hitchcock. 
Quanto à Scarlet Johanssen como Janet Leigh... O problema é ter assistido "Psicose" muitas e muitas vezes. O rosto de Janet Leigh - em preto e branco - se sobrepõe em nossas lembranças e nos recusamos a aceitar uma substituta para Marion Crane. O olhar da atriz é único.
Vocês sabiam que o Merten viu tantas vezes as cenas do assassinato em "Psicose", que se levantava do sofá, caminhava pelo apartamento, quando voltava, mentalmente sabia quantos minutos ou segundos tinham se passado e em que cena estava o filme?
É assim, assistir ao filme de Sacha Gervasi é como voltar à cidade natal depois de trinta e oito anos. Tudo parece assustadoramente pequenino. Por isso é melhor ficar com as lembranças.
Gracinha a piada final. Hitchcock precisa de inspiração para um novo filme. Um pássaro preto pousa sobre seu ombro!