domingo, 22 de agosto de 2010

Coco e Igor Stravinsky

Coco Chanel & Igor Stravinsky retoma a biografia de Coco Chanel. Ela é interpretada por Anna Mouglalis e Igor, por Mads Mikkelsen. Acho que o ator está marcado por seu personagem odiado em Cassino Royale, o banqueiro terrorista, Le Chiffre, que vertia lágrimas de sangue, lembram? O primeiro filme abordava a vida da estilista até a morte de Arthur Boy Capel, seu marido. Coco, no primeiro filme é representada por Audrey Tautou.

Parece que a morte do marido deixou-a desorientada. Sem saber o que fazer de sua vida amorosa. Mais que a história de amor entre Coco e Igor, o filme mostra o poder de Coco Chanel, uma mulher que nos anos 20 estava à frente de seu tempo. Uma mulher poderosa, que desejava demonstrar seu poder em todas as frentes de sua vida.

Vocês viram alguma mulher no século XXI, fazer o que Coco fez nos anos 20? É certo, sabemos que hoje as mulheres são liberadas, que pagam por sexo, como no seriado Hung- a série que explora a sexualidade feminina. Coco não fazia diferente, sabia o que fazia, e sabia o que queria. Pelo menos, na versão de Jan Kounen, o diretor.

O compositor Igor Stravinsky, durante o período em que viveu na mansão de Coco com sua família estava muito bem comprado. Era o objeto de desejo de Chanel. Se os familiares do compositor - diga-se mulher e filhos- sofreram humilhações enquanto Igor transava na sala de música com Chanel, entre uma partitura e outra, todos tiveram sua parcela de responsabilidade no escândalo. A situação tornou-se constrangedora e insuportável principalmente para Yelena Morozova, a mulher de Igor. Os filhos espionavam e sabiam o que se passava. O preço foi alto demais.

Outro aspecto que se destaca. Coco muito antes de Igor lutou por seu trabalho, acreditava profundamente em si mesma, a despeito de todo o machismo que a rodeava. Seus amantes e maridos não a deixavam esquecer que era apenas uma costureira ou uma vendedora de tecidos. A estilista provou que era muito mais do que isso. Daí a liberdade conquistada com sangue, suor, trabalho e talento, muito, muito talento. Por isso Coco, nos anos 20 podia fazer o que fez. Comprou Igor, divertiu-se com ele na barbas de sua mulher. Comprava e presenteava a todos. Tudo com a maior elegância. Oferecia presentes sofisticados para a mulher e a filha do amante. Alimentava e acolhia em sua casa a família do amante. Pior, todos sabiam desde o início o que aconteceria. Permitiram a humilhação e o desgosto. Finalmente é Coco que dispensa o amante.
A ausência completa de diálogo dá o tom ao filme. As pessoas não falam de seus problemas. Yelena, a mulher de Igor finalmente consegue escrever uma carta para Coco, tentando insuflar-lhe um sentimento de culpa. Inútil, o sentimento não existia na mente da estilista.

Coco Chanel conseguiu concretizar tudo o que os arquitetos desejavam nos anos 20. Estetizar a vida e a cidade. Chanel era rodeada de bom gosto e elegância. Muito alta, vestia-se de preto e branco. Oferecia presentes em preto e branco. A decoração de sua mansão também era em padrões branco e preto. Vivia os maiores dramas em meio à elegância e sofisticação.

Tornou-se mais famosa e conhecida mundialmente que Igor. Sabemos que ele tornou-se um compositor decisivo para a modernidade, na Paris dos anos 20. Para o mundo parece que ela foi mais importante. Mas, se era uma mulher liberada e genial? Porque a história de sua vida nos causa essa sensação de tristeza? Sentimos por ela uma grande tristeza. Um sentimento de quem não foi nem nunca conseguiu ser feliz...


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