domingo, 29 de agosto de 2010

O Estranho em Mim

Mais um filme com aquele toque feminino, dirigido por Emily Atef, a jovem diretora de "Molly`s Way" (2005). O filme também recebeu dois prêmios na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, de Melhor Atriz para Susanne Wolff e de Melhor Filme.

"O Estranho em Mim" mostra a vida de Rebecca (Susanne Wolff), antes e depois do nascimento do pequeno Lucas. Antes do parto Rebecca era uma grávida feliz com a expectativa da vinda do bebê. Julian (Johann von Bulow), o marido também parecia sentir a mesma felicidade.

As coisas mudam no momento do parto. Depressão pós-parto é assim? A mãe fica com problemas na hora do parto? Ou a diretora nos prepara para o drama que vem a seguir? Rebecca não sorri para o filho. Tudo parece um fardo para a nova mãe. O pequenino Lucas chora sem parar, tudo muito cansativo e estressante. O drama transcorre lentamente. Os acontecimentos são previsíveis, e ainda assim emocionantes.

Rebecca cai fundo na depressão, a doença da moda, embora a depressão pós-parto de fato não seja doença da moda. Foi diagnosticada há muito, muito tempo. Quanto a outros tipos de depressão, ouço a todo momento: " - Faço isso porque tenho depressão, tomo remédios faixa preta porque tenho depressão". Muitas e muitas vezes tenho ouvido as pessoas se justificarem, se esquivarem, serem grosseiras e indelicadas, usando a depressão como desculpa. Para não terem que fazer a coisa certa argumentam que estão com depressão. Esquivam-se de suas responsabilidades, são grosseiras e indelicadas. Usam a depressão como bengala para a vida. Para o leigo é difícil entender o depressivo. Os psicólogos compreendem melhor essas pessoas. Mas eles também sabem que os falsos depressivos usam a doença como justificativa para um comportamento irresponsável, de quem não se preocupa nem um pouquinho com o outro.

No caso de Rebecca, a doença é verdadeira. Mas os parentes que a rodeiam, também não entendem seu comportamento. Cada dia sente-se pior. O bebê chora sem parar, rejeita o leite materno e deixa a mãe mais infeliz ainda. Seu comportamento piora, até o dia em que "esquece" o bebê na rua e entra em um ônibus. Sente que atingiu seu clímax quando quase afoga seu Lucas no banho. Foge e tenta o suicídio.

O filme torna-se interessante quando a diretora nos mostra, "a volta de Rebecca"; todas as suas tentativas para sair da depressão e recuperar o filho. Susanne Wolff emociona mesmo, com sua interpretação perfeita. É difícil e doloroso para uma mãe ser alijada do filho, da casa e não ter vontade de ver o marido a quem tanto amava. À medida que se recupera, Rebecca, dolorosamente, sente a rejeição do sogro e do próprio Julian, que quase se transforma em ex. Mais doloroso ainda, é ver estranhos dando ordens em sua casa, criticando-a nos menores gestos. Rebecca precisa de muita força para crescer, curar-se e retomar, definitivamente, as rédeas de sua vida, com o pequeno Lucas e com o marido, que também tem sua dose de sofrimento e desconfiança.

Bonita a relação entre mãe e filha. No fundo da depressão, Rebecca encontra na mãe um porto seguro. O abraço no grande momento de tristeza é reservado à mãe. Não perca este emocionante filme sobre os problemas e relações familiares. Ha! e não esqueça de observar o bebê. Foi interpretado por cinco adoráveis bebezinhos.


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