domingo, 17 de outubro de 2010

Comer, rezar e amar

"Comer, Rezar e Rezar" (Eat, Pray, Love) tem levado milhares de espectadores ao cinema. É baseado no best seller autobiográfico da escritora Elizabeth Gilbert. Nem por isso é menos água com açucar ou será água com adoçante artificial?

Julia Roberts interpreta Elizabeth Gilbert, a escritora que um belo dia descobre que seu casamento é um completo fracasso. Assume o divórcio e faz uma viagem em busca de si mesma. Primeiro vai à Roma, depois à Índia e depois, Bali.

Na Itália, a escritora tem contato com o mundo através da comida. Além de rezar, ela busca satisfação na comida. Muita massa com molho de tomate e manjericão, e muita pizza. Deslize do diretor Ryan Murphy, Elizabeth faz a apologia do gosto pelas coisas simples da vida, pelo comer e beber sem preocupar-se com os quilos a mais que qualquer mulher ganharia comendo daquele jeito. E pasmem, logo quem falando que não se importava em ganhar barriga de gordura, Julia Roberts! Uma das mulheres mais altas e magras do cinema! Ryan Murphy não pensou que existem milhares de mulheres gordas de verdade e com menos estatura que Julia? E para estas, sobra o quê?

Até aí tudo bem, James Franco faz Richard, o ator que interpreta os textos de Elizabeth. Acho que teria ficado melhor se coubesse a Franco o papel do mocinho, no final. James Franco é mais sexy e bem mais interessante que Javier Bardem, interpretando - mal - o brasileiro. Aliás, no que se trata de retratar os brasileiros, Ryan faz uma verdadeira caricatura. Os americanos não têm a menor noção do que é o Brasil.

Tudo é previsível em "Comer, Rezar e Amar". O espectador mais piegas não consegue se emocionar. Continuando em sua peregrinação Elizabeth vai para a Índia. Instala-se em um Ashram, onde pessoas vindas dos mais diversos cantos do mundo se encontram e vivem sob o mesmo teto. Praticam a meditação, precupam-se em servir a Deus e a seus semelhantes. Por isso vemos Elizabeth lavando e esfregando o chão, executando tarefas simples para chegar à purificação. Nos Cursilhos os frequentadores também exercitam essas tarefas simples, do tipo, a mulher do governador lava o banheiro para seus companheiros... Nem por isso Cursilhos são menos conservadores.

Assim "Comer, Rezar e Amar" parece um livro de auto ajuda. Como afirmam os especialistas da semiótica, é denotativo e de fácil leitura. Quando Elizabeth chega ao Ashram é recebida com desdém pelo cínico e sofredor David (Richard Jenkins), que finalmente rende-se aos seus encantos e lhe confessa seus traumas e problemas.

O Xamã, amigo de Elizabeth lhe recomenda que não veja o mundo através de sua mente, mas de seu coração. Como todo livro de auto ajuda, as frases feitas não fazem mal nenhum e podem nos servir como lema: "Ter um bebê é como fazer uma tatuagem no rosto, ou no nariz, tenha certeza antes de se comprometer", "Na Índia, nunca toque em nada que não seja você mesma", "Libere em sua mente o espaço que é ocupado por suas obsessões, verá que pode caber o mundo aí dentro". " Selecione seus pensamentos como seleciona suas roupas pela manhã".

Finalmente o filme termina depois de 2h30 de técnicas de auto ajuda, e adivinhem, quem cai nos braços de quem? Acreditem, apesar dos chavões os mantras são verdadeiros. Preste atenção: "Deus vive dentro de você como você mesmo".


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