domingo, 29 de janeiro de 2012

J.Edgar

Clint Eastwood conta a história de J. Edgar, o poderoso chefão do FBI, interpretado por Leonardo DiCaprio. Se pensarmos rapidamente sobre o filme podemos até dizer que é bom, que Leonardo DiCaprio como sempre está genial, que é um grande ator. Mas o que incomoda é que - como todo mundo sabe - J. Edgar era um arrivista, um caçador de comunistas, um homem que usou meios ilícitos para subir na carreira, e que espionava até o presidente. É constrangedor, quando ele escuta a voz do presidente em pleno ato sexual extra conjugal - muito provavelmente- e recebe, ao mesmo tempo a notícia de seu assassinato. Clint Eastwood faz um J. Edgar simpático para o público. Mas faltou o distanciamento crítico. Embora tenha mostrado as safadezas de Edgar, Clint faz com que o público se reconheça dentro do personagem, pelos menos em suas fraquezas e tentativas de subir na vida, como era o desejo da super mãe Anne Hoover ( Judi Dench). Pena, quem sabe, esse é o sentimento que o personagem provoca. Pena, porque no fundo Edgar é um covarde, que não tem coragem de assumir a própria identidade sexual. Sabe que sua mãe prefere vê-lo morto do que saber que assumiu seu lado gay. Quanto à admiração que o diretor permite que o público sinta pelo personagem, talvez seja a de que Edgar tentou representar o papel do lutador, do defensor da América, embora tenha empregado métodos equivocados. No fundo era um coitado. O máximo que conseguiu assumir em público em relação ao amante foram os jantares, que deveriam ser compartilhados até o fim da vida.




J. Edgar é filmado em dois tempos alternadamente vemos o jovem Hoover em seus primeiros anos de FBI e depois envelhecido, "idoso" é a palavra empregada para quem tem mais de 65 anos. Você vai ouvir, "idosa de 65 anos é encontrada enforcada em seu apartamento, após uma semana da morte!". Credo, se você estiver perto dessa idade, prepare-se para enfrentar o mundo, pode até ser divertido. Mas não leve a sério o menosprezo do mundo pelos idosos, encare de frente".



Passado o parêntese, desgosto mesmo é ver Leonardo DiCaprio com aquelas bochechas, aquele cabelo crespo e aquele pavoroso corte de cabelo. Sim J. Edgar era feio e deselegante. Seu companheiro, Clyde Tolson (Armie Hammer) era o deslumbre, lindo de morrer. Será que o verdadeiro Clyde era assim? Quando os dois se declaram pela primeira vez, em que um exige jantares diários todos os dias e o outro responde que não poderia ser diferente, a platéia cai da cadeira, deslumbrada com a beleza de Clyde. Logo vem a decepção quando é mostrado o tempo dos idosos (he, he, he). Se a maquiagem de Edgar parece razoável, a de Clyde faz lembrar o personagem - quando envelhece - de "2001 uma Odisséia no Espaço", de Kubrick, rodado há 44 anos atrás, quando não havia os efeitos especiais de hoje. E a maquiagem de Naomi Watts, a secretária fiel? Um horror, sem palavras...




Perto da mãe, Edgar voltava a ser o menino frágil e gago, talvez por isso sua fala era ensaiada, estava sempre fazendo um discurso. Anne obrigava-o a repetir para si mesmo que poderia vencer e que não era que nem o Boné, um diminutivo de "boneca" o coleguinha que foi pego vestido de mulher, com colares e tudo. Como castigo teve que ficar parado, vestido de mulher, na frente da escola. Seis meses depois suicidou-se. Edgar nunca esqueceu, que drama! Sabia que não poderia ser que nem seu colega Boné. Por isso sofria tanto e por isso mesmo talvez o público tenha sentido empatia por ele. Puro sentimento de pena, o pior dos sentimentos.




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