"A Fonte das Mulheres" é um filme imperdível. Não sei como, está em um horário ingrato, às 13 h. no Arteplex. Radu Mihaileanu, o diretor, pode ser considerado brilhante e genial. Você lembra " O Concerto", quando o maestro - demitido e trabalhando como auxiliar de limpeza- descobre que o Balé Bolshoi foi convidado para fazer uma apresentação em Paris? Lembra da belíssima Mèlanie Lamont, que fazia a primeira violinista? Se "O Concerto" é um filme belíssimo, "A Fonte das Mulheres" não fica atrás. Aliás, o filme deveria ser visto por todas as mulheres. É bom que elas saibam que a luta pela liberdade feminina não é mérito apenas das ocidentais. No norte da África ou em alguma aldeia árabe, conforme Radu, as mulheres também lutam por liberdade. Aqui muita gente ainda pensa que a maioria das mulheres, nesses países, prefere usar a burka por uma questão de cultura e religião. ''A Fonte das Mulheres" vem para acabar com esse mito. Radu Mihaileanu mostra o dia a dia das mulheres na aldeia. Nas primeiras cenas, em grupo, elas aparecem com chinelos minúsculos, caminhando sobre pedras, carregando água. Semelhantes a boi no cabresto, equilibram um balde d'água de cada lado de uma espécie da canga. Roupas pesadas, cabeças cobertas por lenços, levam água para a aldeia. As cenas se alternam, enquanto uma delas, grávida, cai sobre as pedras; vemos o nascimento de uma criança. Na tradição as mulheres sempre fizeram isso, servem para parir e carregar água. Velho Fuzil teve 19 filhos. Uma outra teve seis, dos quais três morreram . O atendimento no parto se faz com parteiras. No Sul não era muito diferente, mas há 66 anos atrás... Radu mostra o reinado do feminino nos banhos públicos. Na aldeia árabe a intimidade ainda não se desenvolveu, que nem na Idade Média, onde todo mundo andava acompanhado. O banho é público, mas só de mulheres. Ali elas discutem seus problemas. Falam abertamente sobre homens e sexo... Se a maioria é alienada, Leila (Leila Bekhti) a mulher de Sami (Saleh Bakri) possui a consciência e tenta sensibilizar as outras sobre a condição de submissão das mulheres da aldeia. É preciso lutar e o único trunfo, o único poder que lhes resta é a greve de amor. Até aí, parece brincadeira ou comédia. Mas a forma como Radu mostra a luta das mulheres torna o filme belíssimo. Os personagens principais Leila e Sami são jovens e belos. Saleh Bakri participou do filme de Elia Suleiman "O tempo que resta" (Le temp qu'il reste), que contava a vida do diretor em quatro capítulos. Vestido de preto, Saleh Bakri passava pelo filme quase sem ser notado pelo espectador. Em "A Fonte das Mulheres" além de ser o marido ideal, encarna o homem que preenche o sonho no imaginário feminino. Confira na telona, encare o horário inadequado e não perca a última cena de amor. ''A Fonte das Mulheres" inova a narrativa ao mostrar o embate entre mulheres e homens através da música e do canto repentista. Na aldeia, as mulheres que colocam filhos vivos no mundo são louvadas em música e canto, as que tombam são consideradas estéreis e culpadas. É preciso inverter a situação. A idosa e sofrida Velho Fuzil vai à luta. Responde a quem lhe pergunta: "Qual foi o dia mais feliz de minha vida?" Ela mesma responde. Foi antes de eu completar 14 anos. Quando eu tinha essa idade, meu pai me casou com um viúvo de 40 anos. Só vi a cara do meu marido no dia seguinte. À noite, no escuro ele me violentou. Me tornei mãe de duas crianças da minha idade, fora as outras 19 que pari. Assim a luta das mulheres evolui até o último embate na festa da colheita, onde o canto repentista feminino ofusca a festa dos machos, que batem pé no chão, sem conseguir esconder que são uns fracos. Fortes mesmo são as mulheres, Velho Fuzil afirma que hoje em dia acabou a escravidão, que as mulheres não precisam mais usar burka, e que os homens parecem mesmo uns bobos, cobertos de cima abaixo com roupa cinza tomando chá no terraço do bar, sem ocupar-se de nada. Para defender esse status batem, e batem em suas mulheres. A greve liderada por Leila veio para dizer ao mundo que esse tempo acabou. Assim, mulheres brasileiras que ainda apanham dos maridos acordem e não venham dizer que olho roxo é excesso de sol. Observem como as mulheres no final louvam e cantam seus ''Homens'', pois sua luta não é para eliminar o sexo masculino, não é contra os homens, mas contra certas especifidades que as humilham e diminuem.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Os Descendentes (The Descendants)
George Clooney ganhou o Prêmio de Melhor Ator por "Os Descendentes", merecido (embora eu prefira Leonardo DiCaprio, em J. Edgar, que nem é candidato). Clooney, sim, é candidato ao Oscar."Os Descendentes" é dirigido por Alexander Payne e se passa no Havaí, entre belas paisagens. Elizabeth (Patricia Hastie) aparece viva em uma única cena. Parece feliz singrando os mares em seu esqui aquático. Corte, o inesperado acidente a transforma em um ser em coma, à beira da morte. O evento - isso sim é um evento, não é apenas ??? uma estenose severa - sacode a vida de todos, marido e filhas. O pior está por vir. A filha mais velha, menina problema, considerada incontrolável revela ao pai que a mãe o traía. De Clooney parece que sobraram somente os olhos escuros, de resto transforma-se em Matt King, o marido traído, que parte em disparada, com roupa de praia, chinelos de dedo? -havainas, não é mesmo?- atrás do amante de sua mulher.
Não resta dúvida, Matt ama Elizabeth e custa acreditar que ela o trai. Deseja a todo custo saber o que se passou. Falhou como marido? Afastou-se da família? Seu casamento era um fracasso e não sabia? Sua mulher trocou-o por quem? Essas dúvidas voltam de forma recorrente em seus pensamentos. A paz some, e precisa fazer alguma coisa.
Nesse tempo (e aí o filme fica bom mesmo) vemos Matt buscando a filha mais velha, Alexandra (Shailene Woodley) que estuda em outra cidade. Vemos Matt tentando entender Scottie (Amara Miller), a menor de 11 anos. E vemos Matt tentando aceitar a presença de Sid (Nick Krasuse), o garoto simplório e bobo, amigo predileto e imposição de Alexandra.
A idéia do diretor é mostrar ao público como os personagens lidam com seus problemas e dramas. Matt faz o que deve e precisa ser feito. Não deixa dúvidas atrás da porta. Com as duas filhas e Sid, o bobão que se revela um garoto de valor, sai em busca da identidade do amante.
Matt sabe que Elizabeth está em coma e que os aparelhos devem ser desligados. Quer honrar a mulher e fazer uma despedida. Avisa amigos e parentes. Quando encontra o sogro é cobrado amargamente por não ter proporcionado uma vida fácil e cheia de dinheiro à mulher. Aliás dinheiro não lhe falta, é um herdeiro rico que se recusa a viver como milionário.
Assim Matt descobre outras coisas enquanto a mulher está em coma, que precisa relacionar-se com as filhas e que é responsável por seu bem estar e educação. E assim - nem ele sabe como isso acontece- começa uma nova aventura de pai, e quem sabe futuro sogro, pois a convivência com Sid cada dia é mais amigável.
Determinado, Matt precisa encontrar o amante para dizer-lhe sabe lá o quê. Pelo menos que ele, o amante, deve ir ao hospital para despedir-se de Elizabeth. Matt não precisa escrever cartas para conseguir dizer o que pensa. Vai lá, puxa conversa e fala, diz tudo e descobre o óbvio, que sua mulher passou por boba, que foi ludibriada e enganada por um reles corretor imobiliário. Descobre também, que o dito maldito será beneficiado se aceitar vender a herença da família.
Veja e participe das novas descobertas de Matt sobre si mesmo. De suas descobertas sobre as pessoas que o rodeiam, sobre suas novas armas e forças para viver. Enfim, veja como Matt fez o que devia ser feito e encerrou uma etapa de sua vida. Descubra que dentro de Matt existe um outro - Matt também - mais forte que não conseguia aparecer. Como dentro de você mesmo não é verdade?
J.Edgar
Clint Eastwood conta a história de J. Edgar, o poderoso chefão do FBI, interpretado por Leonardo DiCaprio. Se pensarmos rapidamente sobre o filme podemos até dizer que é bom, que Leonardo DiCaprio como sempre está genial, que é um grande ator. Mas o que incomoda é que - como todo mundo sabe - J. Edgar era um arrivista, um caçador de comunistas, um homem que usou meios ilícitos para subir na carreira, e que espionava até o presidente. É constrangedor, quando ele escuta a voz do presidente em pleno ato sexual extra conjugal - muito provavelmente- e recebe, ao mesmo tempo a notícia de seu assassinato. Clint Eastwood faz um J. Edgar simpático para o público. Mas faltou o distanciamento crítico. Embora tenha mostrado as safadezas de Edgar, Clint faz com que o público se reconheça dentro do personagem, pelos menos em suas fraquezas e tentativas de subir na vida, como era o desejo da super mãe Anne Hoover ( Judi Dench). Pena, quem sabe, esse é o sentimento que o personagem provoca. Pena, porque no fundo Edgar é um covarde, que não tem coragem de assumir a própria identidade sexual. Sabe que sua mãe prefere vê-lo morto do que saber que assumiu seu lado gay. Quanto à admiração que o diretor permite que o público sinta pelo personagem, talvez seja a de que Edgar tentou representar o papel do lutador, do defensor da América, embora tenha empregado métodos equivocados. No fundo era um coitado. O máximo que conseguiu assumir em público em relação ao amante foram os jantares, que deveriam ser compartilhados até o fim da vida.
J. Edgar é filmado em dois tempos alternadamente vemos o jovem Hoover em seus primeiros anos de FBI e depois envelhecido, "idoso" é a palavra empregada para quem tem mais de 65 anos. Você vai ouvir, "idosa de 65 anos é encontrada enforcada em seu apartamento, após uma semana da morte!". Credo, se você estiver perto dessa idade, prepare-se para enfrentar o mundo, pode até ser divertido. Mas não leve a sério o menosprezo do mundo pelos idosos, encare de frente".
Passado o parêntese, desgosto mesmo é ver Leonardo DiCaprio com aquelas bochechas, aquele cabelo crespo e aquele pavoroso corte de cabelo. Sim J. Edgar era feio e deselegante. Seu companheiro, Clyde Tolson (Armie Hammer) era o deslumbre, lindo de morrer. Será que o verdadeiro Clyde era assim? Quando os dois se declaram pela primeira vez, em que um exige jantares diários todos os dias e o outro responde que não poderia ser diferente, a platéia cai da cadeira, deslumbrada com a beleza de Clyde. Logo vem a decepção quando é mostrado o tempo dos idosos (he, he, he). Se a maquiagem de Edgar parece razoável, a de Clyde faz lembrar o personagem - quando envelhece - de "2001 uma Odisséia no Espaço", de Kubrick, rodado há 44 anos atrás, quando não havia os efeitos especiais de hoje. E a maquiagem de Naomi Watts, a secretária fiel? Um horror, sem palavras...
Perto da mãe, Edgar voltava a ser o menino frágil e gago, talvez por isso sua fala era ensaiada, estava sempre fazendo um discurso. Anne obrigava-o a repetir para si mesmo que poderia vencer e que não era que nem o Boné, um diminutivo de "boneca" o coleguinha que foi pego vestido de mulher, com colares e tudo. Como castigo teve que ficar parado, vestido de mulher, na frente da escola. Seis meses depois suicidou-se. Edgar nunca esqueceu, que drama! Sabia que não poderia ser que nem seu colega Boné. Por isso sofria tanto e por isso mesmo talvez o público tenha sentido empatia por ele. Puro sentimento de pena, o pior dos sentimentos.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Tintim
Assisti Tintim sem maiores preocupações. Foi feito assim? Foi feito assado? Amei as aventuras do menino detetive e fiquei imaginando que se estivessemos em um tempo passado o TinTim poderia ser Leonardo di Caprio. Mas que nada, o TinTim é uma "motion capture" realizada em cima dos movimentos do ator Jamie Bell. O beberrão Capitão Haddoch é Andy Serkis. Spielberg usou a mesma tecnologia empregada em Avatar. Para isso contou com a parceria de Peter Jackson e sua empresa Weta Digital, especializada em efeitos especiais de computação gráfica. A história de Tintim é baseada em O caranguejo das Pinças de Ouro, O Segredo do Licorne e O Tesourode Rackam , o Terrível. O belga George Prosper Remi, de codinome Hergé criador do personagem TinTim era um entusiasta de Spielberg e antes de morrer, em 1983, cedeu os direitos autorais ao grande diretor. O cachorro Milu é inteiramente digital, e é perfeito. Que raça ? É claro, Milu faz milagres e faz tudo o que um cachorro faz. Delicia o espectador. Acho que flutuei acima da cadeira assistindo TinTim. De tudo eu achava graça. Vi que a platéia nem ria de tudo que me fazia rir. Mas vejam só, a Lola faz igual àquele cachorrão preto, quando se deita com as patinhas para cima. Que nem Milu, tem horror a barulhos muitos fortes, dói os ouvidos. Teve que ir para a Pet-creche por causa das obras em cima do meu apartamento. E veja só, a dupla de detetives da Scottland Yard, dois patetas com as carteiras presas por uma cordinha lembra quem? Ora aquela amiga, sabe? que esqueceu a chave de casa no trabalho e teve que dormir no hotel! Depois disso, para ser sua melhor amiga amarrou tudo com fitas dentro da bolsa. Desde carteira e chaves até documentos. O problema foi resolvido. Ela nem liga quando olham e está amarrada por mil fitas. Quando enrolam, vira um Jerry Lewis ou a dupla de detetives patetas de TinTim.
No filme, TinTim compra uma miniatura de um navio, quando descobre que existem muitas pessoas perigosas interessadas em seu navio. Com a ajuda do Capitão Haddock, vai descobrir o segredo do Licorne e dos três pergaminhos. Como nos Contos de Fadas é preciso decifrar o segredo do número três, três navios, três meninos, três pergaminhos. Em geral o número três nos Contos de Fadas indica os três elementos constitutivos da personalidade que precisam entrar em harmonia para o herói viver em paz e feliz para sempre. Quem sabe algum psicólogo consegue decifrar o segredo do número três em TinTim?
Tomboy
"Tomboy" é mais um filme francês, desta vez com a visão da diretora Céline Sciamma. O delicado tema da identidade sexual de uma menina é tratado com uma doçura incomparável. A garota é Laure, interpretada por Zóe Héran. Laure chega em uma cidade com a família e deseja fazer novas amizades. Quando sai à procura de amigos é confundida com um menino. O mal-entendido acontece. O que fazer quando a garota é confundida com alguém do sexo oposto? Cabelos, pernas, penteado, roupas tudo é masculino? Por que? Se a menina não gosta de babados fica mais difícil. Muitas se sentem diferentes. Não sabem o que fazer. Afinal quem sou eu? Eis a questão que persegue Laure e milhares de outras garotas. Laure pertence a uma família que lhe dá amor e apoio. Então, falta de amor não explica. Para ser aceita pelo grupo, passa a investir em seu lado masculino? Desde o primeiro dia se veste como menino. O oposto de irmã de seis anos, que desde pequenina parece uma boneca de cabelos encaracolados. Vestida de bailarina ensaia seus passos de dança. A diretora acompanha o drama de Laure, fingindo que é menino. Brincando de guri. Jogando bola e chamando-se de Mickael. O problema aparece logo. E na hora que menino faz xixi? Laure conta com a colaboração inocente da irmãzinha, que aceita Mickael como o duplo masculino de sua irmã e ainda se diverte com isso. Finalmente a hora da verdade teria que surgir. É dura, é amarga e sofrida. Mas é um ponto de partida para Laure decidir sua identidade sexual e voltar a viver bem com a família e amigos. Os pontos altos do filme são as atuações das três meninas. Zoé Héra, a amiga Lisa ( Jeanne Disson) e a pequena Jeanne (Mallon Lévane).
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domingo, 15 de janeiro de 2012
Sherlock Holmes- O Jogo de Sombras ( Sherlock Holmes - A Game of Shadows)
É possível que Guy Ritchie seja mais conhecido como o ex-marido de Madonna. Como diretor de cinema tornou-se visível com os filmes "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" e "Snatch", com Brad Pitt e Benicio del Toro. "Sherlock Holmes- O Jogo de Sombras" não é a melhor das versões das aventuras do famoso detetive de Sir Arthur Conan Doyle. Guy Ritchie exagerou na desmitificação do personagem. Em muitos momentos Sherlock mais parece um "clown" do que o mais inteligente dos detetives. Quando vai mostrar sua suprema inteligência, o diretor faz com que seu personagem lembre o Schwarzenegger de "O Exterminador do Futuro". A máquina de matar registrava tudo o que via como uma câmera fotográfica, com super velocidade, como o verdadeiro robô que era. Sherlock faz o mesmo. Se o diretor pretendeu desmitificar o personagem , evidenciando seus defeitos -era viciado em ópio e usava drogas -, exagerou. Afinal Sherlock não é o nosso Didi dos domingos da Globo.
"O jogo de Sombras" possui outro grande defeito. Mesmo que seja para dar razão ao título, as cenas são muito escuras. Não é possível ver as sequências com nitidez, muita coisa fica imersa nas sombras e escuridão. Robert Downey Junior parece muito magro e cansado, vencido por antecipação. Não convence como o super detetive. O melhor mesmo é a amizade e a relação entre Sherlock e o Dr. Watson. Nunca estiveram tão próximos. Jude Law - lindo como sempre - faz um ótimo Dr. Watson. Na relação com um leve? toque de homossexualidade, Sherlock consegue monopolizar o noivo (Watson) e o devolve acabado na hora do casamento. Não contente com isso consegue jogar a noiva do trem na noite de lua de mel. Pior ele estava junto na lua de mel!
O filme toma rumo e prende o espectador quando se desenvolve o verdadeiro embate entre Sherlock, Watson, a cigana Sim (Noomi Rapace) e o Dr. Moriarty (Jared Law). A história é baseada no romance "O Problema Final" de Sir Conan Doyle. Na luta entre o bem e o mal, Sherlock Holmes, seu amigo Dr. Watson e Mycroft Holmes (Stephen Fry) lutam contra o Dr. Moriarty, que deseja provocar um guerra mundial para vender armas. O problema é que Moriarty é muito inteligente e parece superar nosso detetive. Fique atento quando Sherlock diz que aceitaria a morte de boa vontade desde que isso garantisse o fim de Moriarty. Cuide outro detalhe , o inspetor Lastrade é Eddie Marsan, o sargento que ía matar Joey em "Cavalo de Guerra". Apesar das ressalvas, você precisa assistir ao jogo de sombras de Sherlock Holmes. Enfim você poderá amá-lo muito, muito.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
L'Apollonide- Souvenirs de la Maison Close
L'Apollonide não é o primeiro filme francês a fazer uma crítica contundente da prostituição feminina. Apesar de toda a seriedade do diretor Bertrand Bonello, L'Appolonide cansa. Talvez até devido ao tema. Da mesma forma que na vida das prostitutas, depois de uma hora de filme, não acontece mais nada, nenhuma novidade. A crítica se faz na linha de pensamento que considera a prostituição como o resultado de um processo político, social, econômico e cultural. No final do século XIX, as prostitutas são percebidas como mulheres que se negam a assumir o papel da verdadeira mulher, ser mãe. Às mulheres é negada uma sexualidade não reprodutora. Quem o faz exerce uma sexualidade perigosa, é visto com desconfiança pela sociedade. Exatamente como nos quadros dos impressionistas e de Toulouse Lautrec, as prostitutas do bordel L'Apollonide são bem vestidas. Os piqueniques ao livre, bem ao gosto francês, reproduzem as cores luminosas dos impressionistas. Desfilam saias rodadas, busto e espartilho. Nos decotes ousados, os seios balançam como se fossem dois pudins brancos e sacudidos, no compasso do andar, como numa bandeja para quem quiser devorar. As jovens de fino trato (sic!) de hoje em dia considerariam essa moda muito recatada.
L'Apollonide não possui um enredo sólido. As personagens são muitas , o espectador não se fixa em nenhuma. O tema é delicado e tão antigo quando a humanidade. Porém sempre que se houve uma história de prostitutas elas são vítimas infelizes de uma sociedade preconceituosa. Ah, e levam uma vida paralela, onde exercem o papel de mães dedicadas. Melina Mercouri foi a única prostituta feliz que vi em "Nunca aos domingos".
L'Apollonide segue à regra. A sexualidade das prostitutas é mostrada como uma prática feminina, degradante e transgressora. No filme, essa percepção é apoiada pelo governo e médicos, que desejam estender às prostitutas uma autoridade normativa e cultural. Quatro delas chamam a atenção a jovem loira com um corpão de modelo de artistas como Degas, e que usava um quimono japonês para atrair a atenção dos frequentadores do bordel. A que contraiu sífilis, a "Mulher que ri", eu diria "A mulher Coringa" - o personagem do Batman - e a magrinha viciada em ópio? O que causa estranheza é que nenhuma delas foi obrigada a ir para o bordel. Ao que parece entre as classes proletárias vigorava a percepção de que a prostituta de um bordel fechado ganhavam mais dinheiro, podia comprar vestidos caros e tinha mais tempo livre. L'Apollonide nos mostra a degradação de cada uma. O pior mesmo é ter uma sexualidade de segunda mão subserviente do prazer masculino. A sexualidade é tão perigosa que coloca em risco tanto a saúde, como a vida das prostitutas. A "Mulher que Ri" teve os cantos da boca rasgados à faca, no grito, enquanto estava amarrada na cama servindo a um senhor de rosto lindo e pacífico. Outras submetiam-se a voyeurs, criaturas taradas e degradadas, que elas tinham que aguentar ou optaram por isso? Existe uma solidariedade e um certo companheirismo entre as prostitutas. Muitas afirmam estar ali para conseguir pagar suas dívidas. Não conseguem nunca. Aquilo me pareceu um trabalho escravo. Quanto mais a criatura trabalha, mais deve. A proprietária do bordel exige um determinado comportamento de suas meninas, que inclui multas, em caso de não ser atendido. Para algumas, a vida coletiva é como um novo lar. Recebem novo nome, aprendem novos rituais. Aquilo pode funcionar como um sistema de apoio para o grupo. No final do século XIX os reformadores sociais e os médicos higienistas irritam-se com o comportamento das prostitutas. A desordem social, o contágio e a "ralé" - as prostitutas - são o verdadeiro perigo, contaminam a sociedade. São a chaga social. É preciso regenerá-alas, nem que seja através da limpeza, do banho e dos exames médicos. Alain Corbin diz que a prostituição evocava uma memória social de todos os corpos femininos resignados que serviam às necessidades físicas dos homens da classe alta em bairros respeitáveis. O Estado define seus limites, as prostitutas devem se fichar na polícia e submeter-se a exames médicos periódicos. O exame ginecológico representa a preocupação oficial com a prostituição. Mas as prostitutas consideram-no uma interferência e um ato de voyerismo. Assim, simbolicamente as meninas do L'Apollonide, la Maison Close vivem prisioneiras do sexo, em um palácio escuro e soturno. O filme não mostra nenhuma iluminação, nenhuma janela por onde possa entrar luz. Tudo são cores escuras, dourados, tapetes e decoração pesada. A janela iluminada somente enquadra a inocência quando emoldura as duas únicas crianças do filme. Veja, fique ansioso, angustiado e chateado. É isso mesmo que o diretor quer nos transmitir.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Os nomes do Amor (Le Nom des Gens)
De Michel Leclerc, "Os nomes do Amor" surpreende pela ousadia da personagem, liberada demais, tudo num tom de brincadeira e mistura entre sexo e política na França. A história "éttonante" fala de uma jovem belíssima (a atriz Sara Forestier), que no filme chama-se Baya Benmahmoud, filha de uma ex-hippie que casou com um imigrante argelino. Como a mãe, Baya tem profundas convicções políticas. Detalhe insólito, para fazer a cabeça de todos os homens conservadores que passam por sua vida, ela transa com eles. A técnica, se faz como no reflexo condicionado das experiências de Pavlov. Você lembra? Ele oferecia comida e o bicho salivava. Depois Pavlov dava o choque e o bicho salivava. Em determinados momentos das relações sexuais de Bahia com seus homens conservadores, ela incute neles, novos pensamentos, que poderão libertá-los das idéias tacanhas e fascistas. A lógica de seu comportamento é explicada de forma jocosa. Existe um drama na família - simplesmente existe-, e sobre o qual ninguém pode fazer nada. Quando menina, Baya foi abusada sexualmente pelo professor de piano. Contou a tragédia para os pais. O pai argelino, furioso, não pode fazer nada. O infame professor fugiu e tudo ficou por isso mesmo. Assim, Bahia coleciona homens e explica que muitas crianças abusadas sexualmente na infância podem adquirir esse desvio de comportamento. Quando se tornam adultas podem se transformar em putas, como ela! Baya encontra o seu oposto. É Arthur Martin ( Jacques Gamblin) , de fato ele não é quem diz que é. Sua mãe é judia. Ainda criança foi libertada de um campo de concentração. Recebeu o nome de Carvalho e não se falou mais nisso. Se na família de Baya tudo é muito anti convencional, na de Arthur impera o silêncio. Ninguém pode falar nada que lembre o passado e o sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial. A família pensa que esse passado deve ficar enterrado. Baya nem pode dizer para a sogra que fez o bolo no "forno''! Assim , "Os nomes do Amor" critica e faz uma reflexão sobre a pluralidade que é a França da atualidade, onde não há como deixar de considerar as diferentes culturas, francesa, judaica, muçulmana, etc.. Michel Leclerc critica em tom de comédias os políticos franceses dos últimos anos, de Miterrand, Lionel Josplin a Sarkozy. Baya votou por engano neste último. Será que foi responsável por sua eleição? Fica mortificada bem na hora do parto. Não é para menos. Genial nesse filme é a atuação de Sara Forestier. Com todos os seus problemas, Bahia é uma mulher liberada como poucas vezes vimos no cinema. Acha normal andar sem soutien, sem precisar queimá-lo como fizeram as feministas dos anos 60. Anda com um camisola-vestido que cai para o lado e deixa o seio à mostra, tudo muito natural . Até o dia em que está tão atrapalhada com seus esquecimentos, que sai para a rua pelada. Ela tinha déficit de atenção? Bem eu conheço algumas pessoas que têm déficit de atenção. Vão para o cinema e deixam a faxineira encerrada dentro de casa, ou ficam matutando se devem ou não usar um vestido tomara que caia. Credo, pensem em Bahia e em sua libertação. No auge da atrapalhação nossa heroína esquece de se vestir. Tudo bem, sai para a rua usando somente os sapatos! Dá-lhe mulher liberada! Adorei Baya Benmahmoud! Acho que ela não deve tomar Ritalina, nem pensar.
Gato de Botas
No conto original de Charles Perrault um moleiro à hora da morte dá um moinho, um burro e um gato para cada um de seus três filhos. O caçula recebe o gato e fica insatisfeito. Mas seu bichano pede apenas um par de botas, uma bolsa e uma capa. Promete muitas surpresas agradáveis ao amo. Graças à sua esperteza e falta de escrúpulos, engana a todos, protegendo o dono. Com muita manha sugere ao poderosos ogro que se transforme num ratinho. Vaidoso o gigante aceita o desafio e é comido pelo gato, que ainda consegue engambelar o rei. Finalmente ele consegue promover o casamento de seu dono com a herdeira do reino, fazendo-o passar pelo rico Marquês de Carabás. Assim, desonesto e esperto, o gato se dá bem. Amo e Gato de Botas ficam ricos e vivem felizes para sempre. O esperto Gato desta vez ganhou um filme só para si, pois já tinha apareciado em Shrek. Do original vem somente a sua personalidade. O Gato de Botas é um falastrão que só quer se dar bem. Aliás os psicólogos não o recomendam como exemplo educativo, invariavelmente ele mente, engana, trapaceia e rouba. Como os contos de fadas deixaram de ser narrados às crianças, por antecipação elas estão privadas de processos de elaborações interiores. Nem conhecem a história original do Gato de Botas. Enfim quem se preocupa se o Gato de Botas é educativo ou altruísta? O que interessa ao produtor, Jerry Katzberger da Dreamworks é que no Brasil existam muitas salas de projeção em 3D, embora ele não se preocupe se neste país são realizados filmes em 3D. Com tanta tecnologia o gato ficou uma graça, só fiquei parada olhando para o cavanhaque. Ficaria melhor sem ele? Talvez para caraterizar a malandragem num corpinho de inocência, sem sexo, o gato devesse mesmo ter aquele cavanhaque sem vergonha. Ela, a gata, com a máscara de borracha é bem feia. Vira uma graça quando dança que nem Salma Hayek. O casal de brucutus brutamontes, Jake e Gil estão ótimos como bandidos. Ele quer dar um tempo naquela vida de bandidagem, quer um bebê. Ela não quer estragar o corpinho! Ele deseja o bebê para criar solto que nem tatu. Ela não quer pensar em fraldas. Ele que treine a paternidade com os porquinhos horrendos que carregam no caminhão! Desta vez o Gato de Botas vem com o aval de Antonio Banderas que faz a voz do irresistível amante latino. Salma Hayek é Kitty, a gata mansa, e não menos sexy que sua própria voz. Porém em uma coisa concordamos o Gato é fiel e sincero em relação ao Ovo, seu amigo dos tempos de vacas magras. Além de salvar a vida do Ovo permite que este encontre uma mãe na Gansa, cuja filhota bota ovos de ouro. Afinal o amigo não era mesmo um Ovão com fantasia dourada? Se você ainda tem uma criança dentro de si, corra e pegue os óculos em 3D. Hah! Não deixe de assistir à sessão legendada.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Cavalo de Guerra (War Horse)
Em "E. T. o extra-terrestre" Spielberg fala de um extra-terrestre que cai na terra e deseja voltar para casa. Crianças se dedicam inteiramente a ele. Em diversos de seus filmes, Spielberg mostra os pequenos vivendo em um mundo paralelo e separado dos adultos, suas aventuras sequer são imaginadas pelos pais, cegos para os interesses dos filhos. Se no primeiro o personagem central é o E.T., em "Cavalo de Guerra" temos um dos mais belos cavalos da face da terra. Albert Narracott é o filho de camponeses, incompreendido pelos pais e que desenvolve uma grande amizade pelo animal. Spielberg mostra a vida da família de camponeses na Irlanda, em cenas tão bonitas e estudadas, com um colorido que pareceu-me ver uma gravura antiga com animação. A paisagem da Irlanda e o casario de pedras é um pedaço do paraíso. A estrutura de madeira da casa, com esteios e escoras, lembra as estruturas de madeira da Riopardinho Strassendorf. Pensei que a visão da vida dos colonos alemães em Riopardinho em 1892, com móbiliário e tudo o mais, construído pelo próprios colonos deveria ser semelhante. Albert ainda não completou 18 anos, por isso não pode ser voluntário na guerra. Na vida real, o ator Jeremy Irvine tem 21 anos. No filme, seu pai um ex-combatente de guerra na África arremata por 30 guinéus, Joey, o melhor dos cavalos. Os pais, Ted (Peter Mullan) e Rose Narracott (Emily Watson) não têm a menor noção de como aquilo modificará a vida do filho. Com paciência e amor Albert treina o cavalo para correr, saltar obstáculos e atender a um assobio. Mas Lyons (David Thewlis) o arrendador, precisa receber o pagamento. Albert e Joey conseguem salvar a família arando milagrosamente um terreno pedregoso. O personagem do pai é contraditório. Rose o desculpa perante o filho. Em sua visão, Ted é um ex-combatente e um herói. Cheio de medalhas, se envergonha pelo que fez na guerra. Intempestivamente como compra o cavalo, o vende para um Capitão inglês, da Primeira Guerra Mundial. A data é 1918, quando Alemanha e Inglaterra tornaram-se inimigas. Albert tenta alistar-se como voluntário, para acompanhar Joey, não consegue. Spielberg aborda a guerra em "O Império do Sol', "A lista de Schindler" e "O resgate do soldado Ryan". À trilogia soma-se "Cavalo de Guerra", um épico, com cenas dramáticas que lembram "E o vento levou". Alternadamente vemos os tempos de paz com suas paisagens de paraíso e o inferno da guerra, onde todos perdem tudo. Essas palavras são pronunciadas pelo avô de Emilie - outra família que se envolve com Joey - e dão a verdadeira dimensão do conflito. Desta família sobraram apenas a menina Emilie (Celine Buckens) e o avô, interpretado por Niels Arestrup, um grande ator. Você lembra? Arestrup interpreta o pai adotivo, em "A chave de Sarah". Joey é o personagem principal. Passo a passo troca de dono, passa por agruras e sofrimentos. O capitão inglês que o comprou morre na luta desigual entre a cavalaria e o tanque de guerra alemão. Spielberg é inigualável nas cenas em que mostra o animal desesperado, fugindo, sem dono, à galope em meio à cenas de desolação. De repente o paraíso novamente. Joey com Emilie e seu avô, um produtor de geléias, numa guerra onde todos perdem tudo. De fato, ele perderá tudo, a neta e Joey, levado pelos alemães. O momento mais dramático , o verdadeiro horror surge quando o cavalo foge à galope, em meio à cercas de arame farpado. O inferno dos infernos é o tanque de guerra que o persegue sem tréguas. A imagem de destruição é impressionante. Nada consegue segurar a fúria do desespero. Era um longo traveling avante? Sei lá, no meio de tanta emoção é preciso rever o filme. Joey salta por cima do tanque, joga-se em mil trincheiras em meio à escuridão. O corredor da morte é a trincheira vista sob a ótica do cavalo. Soldados abrem caminho para a corrida do desespero. Algum filme apresentou cenas tão dramáticas? Os tons escuros contra um céu de fogo lembram Scarlet, na carroça, em "E o vento levou" atravessando a cidade em chamas. "Cavalo de Guerra" especificamente não mostra vilões, mas a insensatez da humanidade, a sua loucura ao optar pela guerra. Os donos de Joey estão de um lado e do outro na guerra. Alemães ou ingleses não são mocinhos ou vilões. A cena genial, o soldado inglês levanta uma bandeira branca para socorrer Joey que está semi morto atado por mil fios de arame farpado. Spielberg, o pacifista, mostra os mil e um alicates que saltam do nada, jogados pelos alemães para cortar os fios que prendem e matam o animal. A visão pacifista do diretor mostra o inglês e o alemão apertando as mãos, um presenteando o outro com um alicate, para não esquecer o amigo de Dusseldorf. Joey o mais belo e o melhor dos cavalos salvou muitas vidas e foi salvo por seus donos. Emilie escondeu Joey e o corcel negro que o acompanhava, em seu quarto de menina. O avô, quando soube do cavalo assombroso que tinha sobrevivido à guerra e que seria leiolado, não precisou vê-lo para saber que era Joey. Albert seu verdadeiro dono, estava quase cego em uma cama de hospital, não precisou de olhos para saber que era Joey, o seu cavalo. Um assobio do dono salvou o animal e uma amizade de uma vida inteira. Prepare-se, você não vai aguentar a emoção e talvez chore do início ao fim do filme. Não se preocupe, vá sozinho ao cinema. Você se sentirá melhor, chorando desatinado. He, he, he!
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domingo, 1 de janeiro de 2012
Tudo pelo Poder
George Clooney dirige "Tudo pelo Poder" um filme centrado no personagem que seria coadjuvante. Ryan Gosling vive o papel de Stephen Myers que ao lado de Paul (Philip Seymour) comanda a campanha política do governador Mike Morris, interpretado pelo próprio George Clooney. O título original "The ides of march" refere-se aos idos de março, na peça original de Shakespeare “Estai atentos aos idos de março”, quando um vidente alerta sobre os perigos a que o imperador César, estava sujeito. Não é levado a sério. O título do filme refere-se à data em que Brutus, filho adotivo de César o assassinou, em 44 A.C. . É interessante a comparação entre o mar de intrigas que assolava a vida política dos imperadores romanos e as campanhas políticas norte-americanas.
O filme é baseado na peça de Beau Willimont, "Farragouth North", com um elenco de primeira. Além de George Clooney, Ryan Glosnig, Philip Seymour, Marisa Tomei e Paul Giamatti temos a presença da jovem Eva Rachel Wood, como a estagiária Molly. Philip Seymour é sempre muito convincente, Paul Giamatti também, embora esteja cada dia mais horroroso. Ambos estão com barrigões desastrosos. Duvido que fossem imprescindíveis para comporem os personagens. A face furiosa de Giamatti fica acentuada pela arcada dentária. Observe, quando ele rosna para Stephen fica parecido com a sofrível versão digital dos lobos, no filme "Amanhecer".
No início a jovem estagiária entra com a bandeja de café no meio da multidão que se aperta para ouvir o candidato. Como a indicar um ciclo de permissividade e corrupção que não tem fim, no final Molly é substituída por outra, tão bela quanto ela, repetindo eventos que se repetem, de forma cíclica. O candidato a presidente é substituído por seu assessor como peça importante no decorrer do filme. Seus deslizes, paixões e fraquezas movem um exército de assessores e jornalistas ávidos por escândalos e notícias que façam pender a balança para republicanos ou democratas. Todos eles são faces de uma mesma moeda. Muita coisa remete à vida de ex-presidentes americanos que se envolveram com amores extra-conjugais. As verdadeiras esposas também se repetem, na vida real e na ficção. Não abrem a boca, dignas, arrasadas e aviltadas aguentam tudo para ganhar a recompensa final, manter o status ou se transformar em primeira dama dos Estados Unidos da América.
Enquanto suas amantes se suicidam, os presidentes mantém o discurso que refirma não serem religiosos, nem drogados, que não possuem compromisso com ninguém a não ser com a obediência cega à Constituição dos Estados Unidos da América ,única instituição a que são servos e se empenham em honrar e respeitar. Enquanto isso, entre um discurso e outro, na cama com secretárias ou estagiárias fazem parecido com os romanos, subvertem todas regras de moralidade e conduta. Transgridem. Esses deslizes são cruciais para que assessores predadores como Stephen Myers se aproveitem do momento certo e da hora certa para se transformarem em políticos tão importantes ou quase como o presidente. Não perca , o filme é muito bom!
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