segunda-feira, 20 de julho de 2009

TRAMA INTERNACIONAL

Tom Tykwer, o diretor de Corra Lola Corra (Run Lola Run) é o responsável por Trama Internacional. Clive Owen e Naomi Watts estrelam esse filme muito interessante. É melhor que Duplicidade, os dois garantem o sucesso. Clive está bem, continua lindo. Mas o que fizeram no cabelo dele? Foi para parecer assim, meio latino, meio muçulmano? Com aquele castanho pintado e meio arrepiado? Credo! Ficou mal!

Owen é Louis Sallinger, um agente da Interpol que procura desvendar os crimes do IBBC Bank. O banco negocia e financia armas, de forma criminosa, com países em guerra. Os dirigentes do banco afirmam que o importante não é vender armas, mas administrar a conflito. Pois, as dívidas decorrentes de conflitos bélicos somam valores astronômicos.

Naomi Watts é a Promotora de Justiça de Manhattan, Eleanor Whitman, que junto com Sallinger procura levar à justiça o IBBC Bank. Há dois anos ambos recebem relatórios da CIA sobre os crimes do banco.

No início Sallinger assiste impotente ao assassinato de seu companheiro. Quando o leva ao hospital recebe dos médicos a explicação inaceitável: o colega teria morrido de enfarte do miocárdio. O próprio Sallinger descobre, no corpo do amigo, o orifício por onde teria sido inoculado o veneno. Mas a autópsia não revelava traços de veneno. Assim agia a grande corporação criminosa. Quem se contrapunha ao banco, quem pensava em processá-lo, desaparecia ou era morto.

A dupla persegue os criminosos e seus tentáculos em Nova York, Milão e Istambul. As grandes cenas de confronto mostram prédios que são ícones da arquitetura modernista, high tech e da antiguidade. A sede do IBBC em Luxemburgo é a própria high tech, em aço e vidro é o símbolo da potência das grandes corporações. É arquitetura como símbolo do poder. Isso acontecia desde os egípcios com suas pirâmides, desde os grandes prédios de Speer para o Terceiro Reich. O que se vê hoje em dia é uma arquitetura que se repete internacionalmente, quase igual, não importando se é Londres, Hong Kong, Luxemburgo ou Nova York. No caso, representava um poder criminoso. Com o Estádio Olympiastadion, requalificado por Speer, para as Olimpíadas de 1936 não era diferente. Por isso mesmo, Tykler escolheu essa arquitetura transparente, para representar e ser o invólucro de um mundo criminoso, e não transparente.

Porém, o grande espaço contínuo do Guggenheim de Frank Lloyd Wright não se presta para representar uma arquitetura do poder. É o grande símbolo da arquitetura modernista, e serviu como cenário para o tiroteio violento, levado adiante pelos sicários do IBBC, para quem o que menos importava era destruir a cultura que o Guggenheim representava. Enfim em um thriller, a arquitetura espetacular sempre funciona. Lembram as Petronas Towers em A Armadilha, com Sean Connery e Catherine Zetha Jones? A arquitetura continua presente na perseguição que passa pela Piazza Duca D’Aosta em Milão e pela Catedral de Santa Sofia, a Haga Sophia, de Istambul (Constantinopla).

Wilhelm Wexter (Armin Mueller-Stahl) é o personagem intrigante que age em duplicidade em diversas situações. É uma espécie de conselheiro do IBBC Bank. Mas que, repentinamente, poderá assumir outras posições.

A Promotora de Justiça não entende as razões Wilhelm Wexter, que tinha sido fiel ao comunismo a vida inteira e repentinamente, coloca-se a serviço das grandes corporações criminosas. Vende-se como um espião a serviço do crime. Ele justificava sua atitude, dizendo que cada um de nós ao longo da vida é obrigado a fazer coisas que contrariam os seus princípios. Tykler fala através da Promotora Eleanor Whitman, que rebate afirmando que nós fazemos nossas escolhas. O diretor discute ao limite a questão da submissão à autoridade. Segundo Merten (veja a matéria de Luiz Carlos Merten, em seu,
"Justiça para quem merece"), Tykler se inspirou nas pesquisas do psicólogo norte-americano Stanley Milgram sobre submissão à autoridade. Qualquer um de nós poderia realizar atos contrários a nossa consciência desde que tivéssemos o respaldo de uma autoridade superior. Então, para Wexter, o poder da grande corporação seria a própria fascinação. Mas sua consciência titubeia, ele entrega os criminosos e alerta Sallinger, que somente poderá enfrentá-los fora do sistema de justiça. No final mais uma vez o olhar de Wilhelm Wexter revela sua dubiedade. Não fica claro a que poder ele serve. São os mistérios, que não explicam os desígnios do ser humano.

Mas as palavras misteriosas de Wexter explicam muito do “assim estava escrito” que acontece na grande trama: “Você pode encontrar o seu destino na mesma estrada que você pegou para não encontrá-lo.” Com certeza todos encontram o seu destino na Trama Internacional, a maior parte deles de forma trágica.

Um comentário:

  1. O FILME É BOM, pela historia, que informa o que ocorre numa instituição bancaria poderosa, ...

    ResponderExcluir