segunda-feira, 3 de agosto de 2009

KILLSHOT

A história é uma adaptação de um romance de 1989, de Elmore Leonard. Os policiais dos anos 30 e o gangsterismo são o tema predileto do escritor. Leonard é um ex-publicitário, nascido em 1925, que há mais de 50 anos escreve romances policiais. O escritor é autor de histórias que originaram filmes como O Nome do Jogo (1995), com John Travolta e Rene Russo, Jackie Brown (1997) e Irresistível Paixão (1998).

As frases feitas dos personagens de Elmore Leonard viraram lugar comum, e se repetiram em Killshot. Em Hot Kid, o delegado Carl Webster repete a toda hora "Se eu tiver de sacar minha arma, atirarei para matar". E o personagem cumpria à risca a promessa. Em Killshot a filosofia e a regra que regem o comportamento do inflexível Blackbird, interpretado por Mickey Rourke é a mesma. Mickey Rourke estava muito melhor em O Lutador, como Blackbird está aceitável apenas.

Aliás, ou o escritor repetia as características dos personagens, ou o diretor John Madden imitou a personalidade de Hot Kid. Os espectadores deram graças a Deus, quando o tal bordão foi concretizado em Killshot. John Madden dirigiu filmes como A Prova (2005), O Capitão Corelli (2001) e Shakespeare Apaixonado (1998).

Killshot-Tiro certo pretende ser um thriller, um policial com muita ação e violência, mas tem muita violência e pouca ação. Acho que o que mais consegue é irritar o público. Mickey Rourke é o assassino ligado à Máfia canadense, que aceita como companheiro de crimes um jovem desequilibrado, trapalhão, tarado e com um grau de maldade elevado ao máximo. O engraçado é que o diretor John Madden não se preocupa em fornecer ao espectador um mínimo de informações que expliquem a existência de um personagem tão desprezível como Richie-Nix (Joseph Gordon-Levitt). Se a desculpa de Blackbird era o desejo de substituir o irmão morto, com certeza o tal personagem ofenderia o falecido. O mais paciente dos espectadores, com certeza sentiu-se irritado com a pobreza de espírito e maldade de Richie Nix. Blackbird era um assassino de origem indígena, indesejado em sua própria aldeia e possuía um mínimo de carisma como assassino. Não dá para entender como ele aceita como parceiro de crimes o insignificante Richie.

Em suas andanças em benefício do mal fazem uma tentativa frustrada de extorsão, que é involuntariamente presenciada pelo casal Colson Wayne (Thomas Jane) e Carmen Colson (Diane Lane). Wayne e Carmen estão em crise e pretendem se separar. Com a inclusão de ambos no Serviço de Proteção a Testemunhas pela polícia, o casal precisa ficar junto.

O interesse passa a ser mais o drama do casal, que o thriller de suspense e violência. Desta forma, toda a encenação criminosa se transforma no pano de fundo para a nova tentativa de vida em comum do casal em busca de reconciliação.

O filme mostra uma polícia tão corrupta quanto os dois assassinos, e que no final é esquecida. Os policiais somem do mapa. Richie-Nix apronta tanto e atinge o clímax como bad boy, quando cercam e prendem Carmen Wayne, em sua casa.

Antes vale citar a personagem de Donna (Rosario Watson), a mulher de Richie, que era famosa na prisão por transar com presidiários. Blackbird e Rosario sentem uma irresistível química. Surge o trio, em que Richie sobra. Qual a solução? O insignificante bandido de quinta categoria enfrentaria Blackbird, os dois disputariam a mulher? Não, seria muito normal e teria um mínimo de grandeza. Antes de partir, Richie volta. Blackbird sabe o que ele fará. Não age. O problema do filme também foi, falta de ação. Ouvimos o tiro. Blackbird e Richie seguem seu caminho. A solução foi eliminar a mulher, sem reação de um contra o outro. Que tipos de pessoas agem dessa forma?

Mas os personagens de Elmore sempre afirmaram "Se eu tiver de sacar minha arma, atirarei para matar". E o diretor leva o ódio do espectador ao máximo e, quando quase estávamos nos habituando com o não faz nada de Blackbird ele se levanta, aponta a arma para Richie e o mata. Blackbird teve um mínimo de simpatia do público, e fez o que tinha que ser feito. Aleluia!

O resto? É tão previsível, como se o diretor tivesse se alongado demais nas entrelinhas e tivesse que terminar seu filme logo! Qualquer espectador de antemão imaginaria o desfecho.



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