quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Preciosa (Precious)

Claireece Precious Jones (Gabourney Sidibe) é o nome da personagem. Como o próprio título indica, apesar de todas as desgraças "Preciosa" é uma história de esperança. É o nome da adolescente que vive no Harlem, em Nova York. Tudo é péssimo em sua vida. Um de seus maiores problemas é a aparência. "Preciosa" é obesa. É muito, muito gorda. Ganha o apelido de Orca. Como se isso não bastasse, é explorada pela própria mãe, Mary Lee, interpretada por Mo'nique. Desde os três anos de idade Claireece sofre abuso sexual. É violentada pelo pai, tem uma filha com Síndrome de Down, daí o apelido Mongo. A menina vive com a avó.

Quando tomamos pé na história de Claireece - que nome lindo!- parece que tudo está definido , que não há o que fazer. As cenas no apartamento onde vive com a mãe mostram a desgraça que é a vida da menina. Futuro para "Preciosa"? Parece não existir... O apartamento escuro, sombrio, sem janelas abertas, é a clausura. Simboliza uma vida sem rumo, sem futuro e sem esperança.

Quem vive no inferno é a mãe. Alguém que nunca buscou nada dentro de si mesma para justificar a própria existência. É difícil entender que uma mãe se omita e permita que o marido e pai abuse sexualmente de seu bebê. Aliás um bebê de ambos. O pior é a continuidade do crime, que dentro de casa passa a ser cotidiano. Agravante e inacreditável! a mãe sente ciúmes da filha porque o marido lhe deu dois filhos. Nem Almodóvar imaginou transgressão maior, crime maior.

Assim a mãe que vive de não fazer nada, inferniza a vida de "Preciosa". Abuso e maus tratos, de sairmos do cinema de cabelo em pé. Pior, isso existe, existe sim e está muito mais próximo a nós do que imaginamos. Basta ir a uma delegacia da mulher, ficar sentada na sala de espera para ouvir as conversas e os horrores...

"Preciosa" suporta tudo calada. Aliás para jovens nessa situação o mais difícil é falar. O silêncio é mais eloquente. Como a menina é muito alta e grandona, parece maior e mais forte que os meninos. É motivo de troças, é empurrada e derrubada por moleques de rua. Permanece quieta. Espanta que "Preciosa" não seja agressiva. Não sai querendo matar todo o mundo. É agredida e não revida. No máximo dá algum tapa com sua mão poderosa.

Afinal qual é a esperança para "Preciosa" que é expulsa da escola, quando a direção descobre que está grávida do segundo filho? Uma coisa é certa, se "Preciosa" teve o auxílio da professora Blu Rain (Paula Patton) e da psicóloga (Mariah Carey) encontrou forças dentro de si mesma, para reagir, para dizer não ao negativismo e buscar uma saída.

É como se ela dissesse;- "Eles não me vencerão"! "Eles" são todos os que a prejudicaram, todos os que não a amaram, todos os que a submeteram. É para eles que "Preciosa" diz:_"Não! Basta"!

Ponto positivo para "Preciosa", ela sonha. Sonhar é tudo que precisamos para irmos em frente, em busca dele, o sonho. Mais que nunca é preciso sonhar. Nas horas mais difíceis, nos momentos de crise e enfrentamento Claireece sonha com o professor de matemática. Pensa:_ "Eu sei que ele gosta de mim"...

O diretor, Lee Daniels, corta o sofrimento, nos momentos mais duros e insuportáveis para Claireece, corta a cena de violência. O quadro seguine é o sonho, a fuga da personagem. Vemos "Preciosa", amada pelo professor de matemática, amada pelo enfermeiro (Lenny Kravitz) - lindo! lindo! não percam!-, amada pelas professoras, amada pela Sra. Weiss, amada pelas novas colegas de aula. Vemos "Preciosa" como rainha, desfilando.

Enfim, podemos nos transformar naquilo que sonhamos. Afinal, como diz o poeta, agradecemos a Deus por nossa alma invencível, agradecemos a Deus por sermos o dono de nossa alma, agradecemos a Deus por sermos o senhor do nosso destino. "Preciosa" é um filme de esperança e torna universal a idéia, que nós todos podemos transformar o sonho em realidade. É preciso lutar - não devemos esquecer-, e "Preciosa" não se entrega. Entra em uma luta inglória, apesar de tudo e de todos, para vencer!

Não perca mais um filme candidato ao Oscar, de Melhor Atriz para Gabourey Sidibe. Mo'nique, a apresentadora que interpreta Mary Lee - a mãe desnaturada - também concorre ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante



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