domingo, 5 de fevereiro de 2012

Românticos Anônimos (Les émotifs anonymes)

Isabelle Carré e Bênoit Poelvoorde formam o casal de enamorados em "Le émotifs Anonymes", dirigido por Jean Pierre Améris. A trama se desenvolve em torno da paixão pelo chocolate. Jean-Réne, o proprietário de uma fábrica de chocolate e a chocolatière Angelique, se veem pela primeira vez quando ele a entrevista, buscando funcionários para sua firma. É paixão à primeira vista. Porém tudo o que acontece entre os dois é atrapalhado pelos milhões de fios do medo, do pânico do convívio social, do pavor em enfrentar as situações corriqueiras do dia a dia, que envolvem, falar em público, assumir a autoria do próprio trabalho, enfrentar chefias, dar aulas, conversar, pedir o cardápio em restaurantes, enfrentar estranhos etc, etc. O tom de comédia exagera quando trata dos sentimentos dos temerosos e emotivos. E nos faz rir. A comédia é deliciosa, entremeada por canções que se refere à cada tema do filme como: "J'ai confiance en moi", "Attaque de panique", "Les émotifs anonymes" e outras. Ser dominado pelo medo é uma coisa terrível. O próprio Hitchcock afirmava que sentia medo de tudo. E que isso tinha sido incutido por seu pai, que permitiu que ele passasse uma noite na prisão para aprender sobre certas coisas. Até por isso, quem sabe, o grande diretor tornou-se o mestre na arte de provocar o medo. Em "Le Émotifs Anonymes", tanto Angelique como Jean-Réne sofrem crises de pânico, quando submetidos à situações difíceis. Nenhum lembrou de dizer para si mesmo: "Tudo o que você precisa são 20 segundos de coragem, depois vai passar". Assim quando a bela Angelique vai para a entrevista, fala e canta para si mesma, recitando canções de auto-ajuda, que funcionam como um mantra. O texto da canção "J'ai confiance en moi" reforça seu caráter e confiança. Mal sabe ela que seu futuro patrão sente tanto ou mais medo. Ambos procuram ajuda, Angelique frequenta um grupo de auto ajuda, em que cada um conta suas mazelas e é apoiado pelo grupo. Jean-Réne tem seu psicólogo que lhe pede três exercícios. No primeiro ele deve convidar alguém para jantar, no segundo deve tocar em alguém e no terceiro deve dar um presente. Você já convidou alguém para jantar? Tocou em alguém, assim como o psicólogo pediu? E já presenteou alguém? Ou para você é muito difícil dar alguma coisa para o outro? Bênoit é genial em sua interpretação. O espectador sofre junto quando ele leva uma mala cheia de camisas para trocá-las durante o jantar, sem que a amada perceba. Ele suava frio e molhava a camisa... Até que o infeliz, não conseguindo suportar, foge pela janela. Nas crises de pânico as pessoas fogem da situação insuportável que lhes tira a fala, faz tremer, secar a garganta e suar frio. Pior é aquele tremor nas mãos, que teima em balançar o papel de leitura. Se você não tiver pena dê uma xícara de cafezinho para alguém como Jean- Réne. Ele poderá derrubá-lo. Ou ainda, dê um copo d'água. Se o infeliz emotivo tiver senso de humor, vai lembrar de "Jurassic Park", quando a câmera se fixa na água que treme dentro do copo, anunciando o velocirraptor que se aproxima da menina. A coragem e o bom senso algumas vezes vencem . O medroso diz para si mesmo, ne t'inquiete pas , le panique est en toi. Não te inquietes, o terremoto está dentro de ti mesmo. Para alguns funciona, e o pânico pode ser vencido. Não para Jean-Réne, que fraquejou até na hora do casamento. Porém, como noivo e noiva sofriam do mesmo problema, adivinhem o que aprontaram?








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