terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Viagem ( Cloud Atlas)

A Viagem é um filme dos irmãos Andy e Lana Wachowski os diretores de Matrix e Tom Tykwer, o diretor de Corra Lola, corra. Na realidade é preciso prestar muita atenção, ter boa memória e não dar o mínimo para seu o déficit de atenção; senão você não vai entender bulhufas de A Viagem. E tem mais você deve ter uma boa memória visual , caso contrário não vai perceber que Susan Sarandon faz quatro papéis no filme e que colocou facetas nos dentes. O sorriso melhorou muito - graças a Deus-, eu não aguentava mais ver aqueles dentes serrados. Se você ficar atento vai perceber que muitos dos atores vivem diversas vidas dentro do filme. Lá pelas tantas você tentará descobrir se o personagem que você está vendo já apareceu em outras vidas, em uma espécie de Procure o Wally: Tom Hanks, Halle Berry, James D'Arcy, Jim Broadbent e Donna Bae vão e vêm. A Viagem tem sentido filosófico, espírita e religioso. Como o filme custa a desenrolar, os diretores propõem indagações: São seis histórias, uma das primeiras é: "Até que ponto nós temos o direito de interferir na natureza, se Deus criou o mundo a sua imagem e semelhança? Outra questão transcendental incomoda a jornalista Halle Berry ao investigar um empresário inescrupuloso (Hugh Grant) em negócios escusos envolvendo energia nuclear:"De que maneira o que fazemos em nossas vidas contribui para o equilíbrio das coisas?" . Não importa a ordem das histórias. Tudo avança e recua em feed back que se perde no tempo. No século XIX, Tom Hanks aparece como Henry Goose, um médico assassino que tenta envenenar Adam Ewing (Jim Sturgees), porque este salva o escravo Autua (David Gyasi). É uma bela história de grandeza, coragem e agradecimento. Em enredos ambientados no futuro, Sonmi-451 é um clone interpretado pela belíssima Donna Bae. O clone é uma mulher que desperta para o mistério da vida. Sonmi descobre que os clones são alimentados pelos próprios corpos. Os irmãos Wachowski fazem uma citação a Soilent Green, filme de Richard Fleicher, com Charlton Heston. Corpos humanos eram a matéria de Soilent Green, o alimento da humanidade. A questão do ser ou não ser, da profundidade da vida e da existência perturba Sonmi, que passa a ser venerada por Zachry (Tom Hanks). O que parece ser o final dos tempos, mostra Zachry em vida primitiva tentando salvar sua família das tribos bárbaras. Como se entrasse em outra dimensão, Zachry mantém contato com Meronym (Halle Berry), que viaja em nave espacial e faz parte de um grupo evoluído, os Prescients. O tema da homossexualidade está presente na história do idoso compositor Vyvyan Ars (Jim Broadbent) que contrata o jovem Robert Frobisher ( Ben Whishaw) - também compositor - para ser seu escrevente. Frobischer tinha um caso com um jovem (James D’Arcy), que virá 30 anos mais tarde como Sixmith (James D’Arcy), o homem que revela para a jornalista Luisa Rey ( Halle Berry) as falhas no projeto de reator nuclear que poderão prejudicar a humanidade. A diversão só fica garantida com a história do editor Timothy Cavendish, vivido pelo mesmo Jim Broadbent, que mata seu detrator, um crítico de arte, e vira uma celebridade em minutos! Depois, o mesmo Jim Brodbent é um idoso internado contra sua vontade. O idoso apronta quando decide fugir do asilo que tinha o mesmo D’Arcy como a enfermeira durona! Pode? A idéia lembra a rede de neurônios que temos em nosso cérebro cujas sinapses formam os pensamentos. Assim os diretores lembram em diversos momentos do filme que nossas vidas não são nossas. Desde o nascimento até a morte estamos ligados a outras pessoas. De cada crime e de cada gesto nasce o nosso futuro. O enredo forma um emaranhado de vidas e pode lembrar os estudos de Lewis Morgan. Em a Sociedade Primitiva, Morgan afirma que a humanidade evoluiu a partir de germens de pensamento humano, que remontam a tempos primitivos. Estes pensamentos foram concebidos durante o período selvagem. A lógica do espírito humano permitiu ao homem desenvolver 'o pensamento" que adquiriu resultados uniformes, coerentes e claramente distinguíveis. O estágio de progresso e de desenvolvimento humano foi o mesmo, independente de estágios ou continentes distintos da civilização. O gênero humano teve uma unidade de origem e seu espírito e destino foram influenciados pelo governo, família linguagem, religião e propriedade. Dentro dessa idéia, A Viagem ou 2001 uma Odisséia no espaço mostram que a humanidade atinge um estágio de desenvolvimento do espírito e avança para um estágio superior. Em A Viagem está presente a idéia espiritualista do Karma. O homem volta em muitas vidas. Para cada ação do indivíduo boa ou má haverá uma relação, que terá consequências boas ou más no futuro. Para toda ação existe uma reação de forma equivalente em sentido contrário e toda a humanidade está conectada como a rede de neurônios de nossos pensamentos que nos projetam para o futuro e para o aperfeiçoamento do espírito humano.
 

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