quarta-feira, 4 de março de 2009

LEMON TREE

Salma Zidane (Hiam Abbass), uma viúva Palestina, vê sua plantação ser ameaçada quando seu novo vizinho, o Ministro de Defesa de Israel (Doron Tavory), se muda para a casa ao lado. A Força de Segurança Israelense logo declara que os limoeiros de Salma colocam em risco a segurança do ministro e por isso precisam ser derrubados. Salma leva o caso à Suprema Corte de Israel para tentar salvar a plantação.

O filme trata principalmente da força do personagem de Salma, uma viúva palestina interpretada por Hiam Abbass.

A plantação de limões de Salma é seriamente ameaçada quando o Ministro da Defesa de Israel, Israel Navon (Doron Tavory) se muda para o casarão ao lado de sua casa. Ela é uma mulher incrível, nunca jamais desistirá de suas crenças e de suas verdades. Seu objetivo é preservar o legado de seu pai, o pomar de limões, que existe há 50 anos, e que ela defende com unhas e dentes. Pelo pomar é capaz de enfrentar soldados armados, se isso for necessário.

Lemon Tree trata também de uma mulher extremamente solitária, que se sente atraída pelo único homem que parece estar do seu lado, o advogado Ziad (Ali Suliman), que assume a sua luta, embora tenha interesses suspeitos. Ziad usa o caso particular de Salma, para promover a causa palestina. Ficamos sabendo no final, quando ele afirma que a vitória parcial de Salma é a vitória do povo palestino, e quando ele atinge seus objetivos de ascensão social, ao casar com a filha de alguém influente. O advogado nunca amou Salma. Apesar disso, ele luta junto a ela, e afinal Salma também é palestina.

A viúva não chega a perceber que possui uma aliada em Mira ( Rona Lipaz-Michael), mulher do Ministro, moderna e aparentemente independente, mas que em sua condição de esposa de Ministro também tem sua liberdade vigiada.

Fica bem pontuado o sistema patriarcal, onde a liberdade feminina está muito distante. Uma mulher viúva pode ser considerada enterrada junto com seu marido, e nem deve cogitar ter um novo parceiro, nem que seja por pouco tempo. Veja que, o olhar estúpido do marido morto continua a dominar a sala de estar de Salma, a tudo controlando, embora ele seja apenas uma foto. A visita do parente não deixa dúvidas quando ele fala: ”’Que não seja necessário voltar à casa de Salma para tratar do assunto, que todos estão comentando”.

Lindo mesmo é o nome do filme: Lemon Tree, e a plantação iluminada à noite. Num contraponto com o resultado final dado pela Suprema Corte. Em uma distância de 100m, a plantação deveria ser e foi cortada para evitar atentados.

Como em uma tragédia grega, nossa heroína com um manto até os pés, caminha arrasada, entre os tocos dos limoeiros; mas, ainda alta e poderosa em sua força interior, numa paisagem noturna, avermelhada e ocre, em oposição ao cenário idílico, anterior ao corte das árvores.

O personagem fraco, egoísta e manipulável do Ministro vê seu mundo ruir quando sua mulher o abandona, um muro da vergonha é levantado. A belíssima paisagem dos limoeiros lhe é vedada por própria culpa. Somente lhe restou olhar para um muro de concreto cinza. Seu mundo fica reduzido a uma prisão e solidão criadas por ele mesmo, e pela intolerância de um conflito, sem grandes esperanças de solução.

Mas contra o qual, isoladamente, muitas pessoas se rebelam em nome de uma vida plena e generosa em oposição a da intolerância pelo diferente.


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