quarta-feira, 4 de março de 2009

O PROCURADO

Tudo começa com uma forma muito estressante de dirigir, de mostrar as cenas com muuuuiiiita violência, muito sangue e velocidade. Tudo num décor de pessoas sujas e grosseiras; e ela - Angelina Jolie- num vestidinho fininho e ultra feminino, a bela, muito magrinha no meio daqueles marmanjos bufantes , gordos, e daqueles que têm prazer em torturar e ver os outros sofrerem; sádicos! O movimento é delirante, as cenas de carros em corrida com muita cor e muitas explosões chegam a ser cansativas. Em alguns momentos a violência se transforma na mesmidade e o espectador se distrai. A cena do trem em alta velocidade sempre se repete. Velocidade e violência, velocidade e violência; até as balas fazem trajeto em círculo , segundo a vontade de quem as detona.

Mas o diretor diz a que veio e pergunta: você já tomou as rédeas de sua própria vida? Ele nos pergunta e no meio do filme eu me pergunto também.

No início, eu que gosto de filmes claros sobre o bem ou o mal, o maniqueísmo, mais uma vez me confundo. Mas os assassinos - a irmandade da Fraternidade - eram do bem? Ou eram do bem-mal? e o cara que queria matar o Wesley era do mal-mal? Mas depois eu fiquei sabendo, ele queria era resgatar o Wesley.

Achei impressionante a forma como o diretor resolveu mostrar o problema do jovem Wesley Allan Gibson. Todos abusavam dele, todos o oprimiam e ele permitia. Esse é o Xis da questão:

Se a chefe, gorda e balofa - cuja cara imensa enchia a tela para oprimir também o espectador - não se controlava, debochava e oprimia o jovem Wesley, é porque ele permitia. Mas ele nem sabia quem era! De tão oprimido ficou sem identidade.
Isto não é familiar para muitos de nós? Que deixamos todos tomarem conta? desde a faxineira, a empregada e familiares? Até os cachorros mandam em quem se deixa mandar...

No final o diretor explica: do mal mesmo era o Sloan, o Morgan Freeman que nós amamos (essa não) . Ele queria matar o pai do Wesley e mentiu para o jovem, que quem queria matá-lo era o assassino de seu pai. Na verdade ele explica no final: o Wesley era o único que o pai não mataria, pois Wesley era seu filho. E Wesley termina matando o próprio pai sem saber! Mas isso já não aconteceu em Star Wars? o Darth Wather não morre assim? Que tragédia! e tudo isso, para o personagem tomar as rédeas da própria vida. Para se libertar do pai, simbolicamente teria que matá-lo, para Wesley crescer, e se tornar um adulto livre.

O diretor escolheu mostrar o processo de crescimento do jovem através dos episódios do treinamento para ele se tornar um guerreiro invencível, capaz de qualquer coisa, e de suportar qualquer dor. E a Angelina Jolie era da irmandade do mal a chamada Fraternidade. Ela treinou Wesley, fez com que ele sofresse, mas fez também com que ele se tornasse forte e se reconhecesse como pessoa. Apaixonou-se por ele?

O espectador fica sabendo que ela ama Wesley, quando ela beija o jovem no momento em que a ex-mulher tenta humilhá-lo. Ela dá o beijo mais terno no mocinho da história. Aí eu descansei um pouquinho, no filme. E no final a redenção da mocinha-bandida , que salva a vida de Wesley, usando seus poderes de fazer uma bala com trajetória curva. Dá um tiro circular (no ouvido) que vai matando todos os bandidos , que caem um por um, como as pedras de um dominó. Ela sabia que a última peça do dominó era ela mesma. E isso sim, foi genial.

Porque o diretor escolheu as cenas dos ratos, cada um com um detonador? a idéia é produto de uma mente doentia. Ele disse isso pelas palavras de Wesley. Talvez, para simbolizar o mal, aqueles porões sujos, lúgubre e sombrios, do mal. E foi com essa mesma arma do mal que ele tentou destruir o próprio mal, mas não conseguiu. Quem conseguiu foi a Jolie, quando se sacrificou. E como diz o Luiz, se ela tinha pecado, não poderia ser poupada. Como no filme Os Intocáveis, em que o Jim Malone ( Sean Connery), apesar de bonzinho, bebia. Então ele é morto pelo assassino; e sangrou como um porco como disse o capanga de terno branco. Eu sempre odiei aquele assassino do Connery.E no final das contas amei o filme com James McAvoy, o ator de Desejo e Reparação, com a Keira Knightley, em que os dois jovens nunca se recuperam da traição da irmã. Ele termina morrendo, uma verdadeira tragédia. Parece que com aquela cara de anjo, o McAvoy fica bem representando personagens trágicos.

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