O diretor Danny Boyle é inglês nasceu em Radcliffe, em 1956. Venceu o Oscar 2009, o Bafta e o Golden Globe, todos pelo filme “Quem quer ser um milionário” (Slumdog Millionaire). Boyle também é conhecido pelos filmes Transpotting e Extermínio.
Ele foi colocado sob suspeita de explorar os atores mirins em seu filme, mas desmente as fofocas, tendo levado todos para participar da festa do Oscar e, contribuído para que ganhem casa nova e assistência do Estado. Segundo o diretor, foi criado um fundo para os atores menores de idade, que pagará seus estudos até que cheguem à universidade. Também foi criado outro fundo, com uma porcentagem sobre os lucros, que ele afirma não poder revelar. Haverá investimentos em entidades beneficentes de Mumbai, especialmente as que lidam com crianças de rua, como as do filme. Durante a festa do Oscar não havia como não encantar-se com a felicidade da criançada, todos rindo, festejando e elogiando Danny Boyle.
Apesar disso, a dura realidade dos favelados na Índia, não é muito diferente da brasileira; muda o endereço apenas. Quando as crianças voltaram para Mumbai, é muito provável que tenham sentido que saíram de um conto de fadas e voltaram para o pesadelo do dia a dia.
Mumbai, como o Brasil, não mudou. É muito difícil ou quase um milagre escapar da condição de marginalidade. Existe um limite entre a ficção, o sucesso passageiro e a realidade. Até o momento ele tem sido instransponível para atores que encarnaram na tela o seu próprio personagem da vida real, como por exemplo, Fernando da Silva Ramos, o Pixote.
Lembram os personagens de Hector Babenco e Fernando Meirelles. Fernando da Silva Ramos terminou morto por um policial. Era o Pixote de Babenco. Tragicamente sua morte também se transformou no filme “Quem matou Pixote?” de José Joffily.
Países como Brasil e Índia não tem sido capazes de mudar esse estado de coisas. O que coloca nos coloca, na Jangada da Medusa dos derrotados de Géricault. E é uma das coisas mais duras que temos de enfrentar. Nem Danny, nem Babenco ou Meirelles conseguem mudar a vida dos pequenos atores, como Azharuddin Mohammed Ismail (Jovem Salim), que segundo o jornal londrino teria levado uma surra de seu pai, ao voltar da festa do Oscar. As famílias depositam suas esperanças nos pequenos heróis. Tão pequenos e incapazes de modificar a realidade.
Danny Boyle teve um orçamento baixo para realizar seu filme, US$ 15 milhões de dólares. Segundo o diretor, ele viajou à Índia com uma equipe formada por britânicos e indianos, falando em inglês e hindi e com muçulmanos e hindus no elenco. Chegando à Índia, contratou uma grande equipe de figurantes indianos. O filme já faturou nos Estados Unidos, mais de US$ 88 milhões e US$ 61 milhões no resto do mundo até o momento. Depois da premiação do Oscar transformou-se em um fenômeno.
Jamal Malik, seu irmão Salim e a menina Lalika vivenciam toda sorte de abusos e violências. Boyle nos introduz na Mumbai da violência filmando como no Cinema Novo brasileiro, de Glauber Rocha, com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. Essa dramaticidade e movimentação tornam o filme eletrizante e prendem o espectador. Não é sem razão a comparação com “Cidade de Deus” e “Carandiru”, em todos esses filmes o público sai da sala de cinema como se tivesse visto um documentário, não há diferença entre a realidade e o que é mostrado no filme. Embora o diretor tenha uma história para contar e ele faz uma história a contrapelo, com certeza, privilegiando as crianças, os menores de rua.
O diretor não gosta de ser comparado a Fernando Meirelles. Seu filme é uma mensagem de otimismo. Boyle nos fala da integridade, da honestidade, da obstinação e até da teimosia de um personagem que vive num mundo louco, onde impera a barbárie.
A visão da Mumbai é interessante, o mundo de Jamal é terrível, nos é familiar. Planejamento urbano de origem inglesa, nem pensar. As casas são muito próximas. A filmagem em plongé nos mostra a favela quase como uma obra de arte, formada de recortes, ruas desaparecem sob telhados, tudo junto, colado e irregular.
É uma favela de recortes, onde tudo é tratado a tapas, até a televisão. Nem o professor cuida dos livros, bate em seus alunos desatentos com “Os três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas. Embora isso tenha valido a Jamal a vitória. Ele ri, lembra a cena e responde corretamente: Aramis, o nome de um dos três mosqueteiros. Torna-se o milionário de Mumbai.
O filme é mostrado ao espectador em três tempos. Jamal sendo sabatinado durante o programa de TV, Jamal sendo torturado brutalmente pelos policiais e as lembranças de sua vida sendo contada aos policias. A história é tão comovente e verdadeira que termina convencendo os mais brutais torturadores.
Ele foi colocado sob suspeita de explorar os atores mirins em seu filme, mas desmente as fofocas, tendo levado todos para participar da festa do Oscar e, contribuído para que ganhem casa nova e assistência do Estado. Segundo o diretor, foi criado um fundo para os atores menores de idade, que pagará seus estudos até que cheguem à universidade. Também foi criado outro fundo, com uma porcentagem sobre os lucros, que ele afirma não poder revelar. Haverá investimentos em entidades beneficentes de Mumbai, especialmente as que lidam com crianças de rua, como as do filme. Durante a festa do Oscar não havia como não encantar-se com a felicidade da criançada, todos rindo, festejando e elogiando Danny Boyle.
Apesar disso, a dura realidade dos favelados na Índia, não é muito diferente da brasileira; muda o endereço apenas. Quando as crianças voltaram para Mumbai, é muito provável que tenham sentido que saíram de um conto de fadas e voltaram para o pesadelo do dia a dia.
Mumbai, como o Brasil, não mudou. É muito difícil ou quase um milagre escapar da condição de marginalidade. Existe um limite entre a ficção, o sucesso passageiro e a realidade. Até o momento ele tem sido instransponível para atores que encarnaram na tela o seu próprio personagem da vida real, como por exemplo, Fernando da Silva Ramos, o Pixote.
Lembram os personagens de Hector Babenco e Fernando Meirelles. Fernando da Silva Ramos terminou morto por um policial. Era o Pixote de Babenco. Tragicamente sua morte também se transformou no filme “Quem matou Pixote?” de José Joffily.
Países como Brasil e Índia não tem sido capazes de mudar esse estado de coisas. O que coloca nos coloca, na Jangada da Medusa dos derrotados de Géricault. E é uma das coisas mais duras que temos de enfrentar. Nem Danny, nem Babenco ou Meirelles conseguem mudar a vida dos pequenos atores, como Azharuddin Mohammed Ismail (Jovem Salim), que segundo o jornal londrino teria levado uma surra de seu pai, ao voltar da festa do Oscar. As famílias depositam suas esperanças nos pequenos heróis. Tão pequenos e incapazes de modificar a realidade.
Danny Boyle teve um orçamento baixo para realizar seu filme, US$ 15 milhões de dólares. Segundo o diretor, ele viajou à Índia com uma equipe formada por britânicos e indianos, falando em inglês e hindi e com muçulmanos e hindus no elenco. Chegando à Índia, contratou uma grande equipe de figurantes indianos. O filme já faturou nos Estados Unidos, mais de US$ 88 milhões e US$ 61 milhões no resto do mundo até o momento. Depois da premiação do Oscar transformou-se em um fenômeno.
Jamal Malik, seu irmão Salim e a menina Lalika vivenciam toda sorte de abusos e violências. Boyle nos introduz na Mumbai da violência filmando como no Cinema Novo brasileiro, de Glauber Rocha, com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. Essa dramaticidade e movimentação tornam o filme eletrizante e prendem o espectador. Não é sem razão a comparação com “Cidade de Deus” e “Carandiru”, em todos esses filmes o público sai da sala de cinema como se tivesse visto um documentário, não há diferença entre a realidade e o que é mostrado no filme. Embora o diretor tenha uma história para contar e ele faz uma história a contrapelo, com certeza, privilegiando as crianças, os menores de rua.
O diretor não gosta de ser comparado a Fernando Meirelles. Seu filme é uma mensagem de otimismo. Boyle nos fala da integridade, da honestidade, da obstinação e até da teimosia de um personagem que vive num mundo louco, onde impera a barbárie.
A visão da Mumbai é interessante, o mundo de Jamal é terrível, nos é familiar. Planejamento urbano de origem inglesa, nem pensar. As casas são muito próximas. A filmagem em plongé nos mostra a favela quase como uma obra de arte, formada de recortes, ruas desaparecem sob telhados, tudo junto, colado e irregular.
É uma favela de recortes, onde tudo é tratado a tapas, até a televisão. Nem o professor cuida dos livros, bate em seus alunos desatentos com “Os três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas. Embora isso tenha valido a Jamal a vitória. Ele ri, lembra a cena e responde corretamente: Aramis, o nome de um dos três mosqueteiros. Torna-se o milionário de Mumbai.
O filme é mostrado ao espectador em três tempos. Jamal sendo sabatinado durante o programa de TV, Jamal sendo torturado brutalmente pelos policiais e as lembranças de sua vida sendo contada aos policias. A história é tão comovente e verdadeira que termina convencendo os mais brutais torturadores.
A violência contra Jamal, nas cenas de tortura é bárbara. O espectador custa a entender o que se segue, quando os meninos são chamados pelo bando que os explora e os faz cantar e mendigar; os olhos seriam arrancados com uma colher!
As lembranças passam como um filme dentro da mente de Jamal, ele se vê criança, com seus amigos, inocentemente fugindo dos policiais de motocicleta. Em meio à fuga ainda brincam com porretes, imitando seus opressores. Fogem do ataque cruel aos muçulmanos e são salvos pela mãe, que se sacrifica pelos filhos. Jamal lamenta amargamente, se não fosse Rama e Alá, ele ainda teria sua mãe.
A força de vontade do personagem, sua honestidade, firmeza de propósitos e desapego ao prêmio, mostram um Jamal íntegro e forte capaz de vencer os piores obstáculos. Desde o início percebemos, quando ele mergulha na merda para conseguir sair da casinha, onde seu irmão Salim o tinha aprisionado.
O personagem de Samil, desde o início sente ciúmes do irmão. Ele o tranca na casinha, rouba a foto autografada pelo famoso ator indiano. E o pior dos pecados, rouba sua namorada. Mas também é Samil que tem seu momento de redenção, dá a vida para salvar Lalika e possibilitar sua fuga.
Porque as pessoas querem assistir a “Quem quer ser um milionário?"? Porque o filme trata da magia, da possibilidade do sucesso, do ficar milionário. Mostra a realidade de Mumbai, mas com a diferença, as crianças lutadoras têm sua recompensa. Os heróis são crianças, que sofrem e tentam por tudo vencer os obstáculos e nós todos torcemos por elas.
O diretor nos permite arrumar a casa de nossas emoções, ajeitando tudo no lugar certo, como se no mundo das idéias pudéssemos corrigir as injustiças. Vence o bem, nosso herói tem uma enorme chance de sucesso. Tanto que, no final, quando ele abraça Lalika, a sua frente está uma grande estrada, a ferrovia que poderá levá-los para uma nova vida plena de felicidade. Como o Ulisses de Ítaca, Jamal, depois de enfrentar muitos perigos, vence seus inimigos e volta para casa, para os braços de sua amada. It is written, assim estava escrito.
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